Sob pretexto de prestigiar o lançamento da pré-candidatura a presidente da República do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o ex-deputado federal José Carlos Aleluia e o seu filho, o vereador de Salvador Alexandre Aleluia, estiveram em São Paulo no último sábado (16) para se reunir com o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro.

O Blog do Vila apurou que os baianos tentam assumir o comando da legenda no estado, cujo diretório local foi dissolvido pela executiva nacional. O motivo seria a "falta de performance" da legenda, que desde a sua fundação, em 2011, jamais conseguiu eleger um deputado, seja estadual ou federal, e até mesmo um vereador na capital.

A ideia para 2026 é conquistar ao menos uma cadeira na Câmara e o principal nome para a empreitada na Bahia seria exatamente o de Alexandre Aleluia. No entanto, um quadro com "perfil gestor" será acionado para assumir o comando e formar a chapa da legenda para a próxima eleição, sob a batuta de José Carlos, que, por impedimentos legais, não poderá capitanear o processo.

"Estive em São Paulo, no último sábado, para prestigiar o Encontro Nacional do Partido Novo e o lançamento da candidatura de Zema para a presidência. O Novo é um partido importante na política nacional e reflete muito aos pensamentos e valores que defendo portanto não tenho problema em adiantar que ficaria sim muito honrado caso venha a fazer parte do quadro do partido um dia. Sentiria-me confortável", admitiu o vereador, em conversa com a reportagem.

O ponto dificultador é a filiação do edil ao PL que, em caso de insucesso nas urnas, pode requisitar o mandato na Câmara de Salvador por justa causa. A articulação é feita meticulosamente para convencer o presidente dos liberais, o ex-ministro João Roma, a não utilizar o artifício legal, uma vez que a janela partidária para vereadores só será aberta em 2028. 

Reação do diretório estadual

Apesar do questionamento sobre o desempenho do partido, o diretório estadual ingressou com um mandado de segurança contra o que considerou como "decisão arbitrária" da direção nacional. O blog apurou que, caso haja derrota judicial, os atuais presidentes André Quadros (estadual) e Pierre Valcacio (Salvador), bem como outras dezenas de filiados, irão desembarcar do Novo, pois não concordam com a chegada dos Aleluia à sigla.

Desempenho do Novo na Bahia

No último pleito municipal, quando a legenda elegeu 19 prefeitos e 263 vereadores em todo o país, apenas quatro candidatos conquistaram a vitória na Bahia, quase todos para câmaras municipais: Wanessa Gedeon (vice-prefeita de Ilhéus, única eleita para o Executivo da região Nordeste) e os vereadores Ana Fraga (Valença), Durval Sarmento (Valença) e José Daniel Farias (Luís Eduardo Magalhães). 

O desempenho da agremiação no estado foi idêntico ao conquistado no Espírito Santo e Rondônia, e só foi melhor do que o resultado obtido no Amazonas (3), Ceará (3), Mato Grosso do Sul (2), Pernambuco (2) e Sergipe (1). Em Alagoas, Amapá, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima o Novo ficou zerado.

Meta nacional: ultrapassar o PSDB

Para 2026, em termos nacionais, o partido pretende aproveitar sobretudo quadros insatisfeitos em siglas conservadoras, como o PL, com a meta de ser maior do que o PSDB. Nomes como os do advogado e desembargador aposentado, Sebastião Coelho (DF), do ex-parlamentar Deltan Dallagnol (PR) e do atual deputado federal Marcel Van Hattem (RS) são dados como certos para a disputa por uma vaga no Senado.