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Comunidade quilombola denuncia nova investida da Brazil Iron na Chapada sob apoio do governo da Bahia

Comunidade quilombola denuncia nova investida da Brazil Iron na Chapada sob apoio do governo da Bahia

Moradores de Bocaina relatam violações ambientais, tentativa de descaracterização étnica e pressão para desistência de processo na Justiça inglesa. Projeto minerador bilionário tem participação da CBPM e respaldo do Palácio de Ondina

Por Redação

09/07/2025 às 12:26

Atualizado em 10/07/2025 às 16:23

Foto: Fernando Martinho / Repórter Brasil

Comunidades quilombolas da Chapada Diamantina vivem um novo momento de tensão com o retorno das atividades da mineradora inglesa Brazil Iron, que já teve uma mina desativada por irregularidades ambientais e sociais em 2022.

De acordo com reportagem da Folha, agora, a empresa planeja um megaempreendimento de US$ 5 bilhões com promessa de descarbonização da produção mineral, uso de hidrogênio verde e energia 100% renovável.

A empresa atua em parceria com a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, a CBPM, vinculada ao governo da Bahia. O projeto abrange três municípios – Abaíra, Piatã e Jussiape – e volta a incluir a área de Bocaina, onde moradores relatam histórico de violações.

A comunidade quilombola, reconhecida desde 2013, afirma que a empresa causou desmatamento ilegal, explosões sem aviso, contaminação de solo e água, além de rachaduras em casas e problemas respiratórios por poeira em excesso. Uma análise da Universidade Federal da Bahia confirmou presença de metais pesados. A Defensoria Pública da União e o Ministério Público da Bahia investigam o caso.

Diante da ausência de consulta prévia à comunidade – direito previsto em convenções internacionais – a Brazil Iron foi proibida pela Justiça inglesa de manter contato direto com os moradores de Mocó e Bocaina. Por isso, o diálogo com os moradores tem sido conduzido pela CBPM, que também recorreu ao Itamaraty para tentar impedir que a Justiça britânica julgue o caso. Mesmo assim, a Corte inglesa aceitou as ações em março deste ano.

A companhia nega todas as acusações e afirma que já investiu R$ 1,7 bilhão, com previsão de gerar 55 mil empregos e R$ 50 bilhões em arrecadação. Segundo ela, o novo projeto não tem relação com o anterior.

Moradores também denunciam pressão de um mediador da Casa Civil baiana, que teria sugerido a descaracterização da comunidade como quilombola. O Governo da Bahia não respondeu aos pedidos de esclarecimento. Lideranças locais afirmam que, apesar do valor bilionário do projeto, a comunidade ainda luta desde os anos 2000 por uma barragem de água, que nunca foi entregue.

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