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Com protestos e spray de pimenta, Câmara de Salvador aprova reajuste de professores sob clima de tensão
Com protestos e spray de pimenta, Câmara de Salvador aprova reajuste de professores sob clima de tensão
Presidente da Casa comparou manifestação a “ato bárbaro” e se eximiu de responsabilidade pela crise
Por Redação
22/05/2025 às 20:11
Atualizado em 26/05/2025 às 10:44

Foto: Antonio Queirós / CMS
Em meio a cenas de tumulto, uso de spray de pimenta e forte repressão, a Câmara Municipal de Salvador aprovou nesta quinta-feira (22) o projeto que reajusta os salários dos servidores municipais, incluindo os professores, que estão em greve há duas semanas. A votação foi realizada fora do plenário, no Centro de Cultura da Casa, após o local ter sido invadido por representantes dos sindicatos dos professores e dos servidores.
O projeto de lei nº 174/25 passou com apoio da maioria e abstenção da bancada de oposição, que tentou, sem sucesso, adiar a votação para a próxima segunda-feira (26). No total, seis emendas foram apresentadas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) — quatro pela base governista e duas pela oposição — e todas receberam parecer favorável do relator, vereador Sidninho (PP).
Apesar da aprovação atropelada e da tensão evidente, o presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), fez questão de defender o rito adotado: “O projeto chegou, passou por todas as comissões, como determina a lei, e foi aprovado pela maioria”, declarou, minimizando a gravidade do cenário caótico em que a sessão ocorreu.
O chefe do Legislativo foi além e classificou a manifestação como um “ato bárbaro”, ao comparar a situação com os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. “Essas agressões não são feitas por verdadeiros sindicalistas, são feitas por baderneiros”, afirmou, criminalizando o protesto dos trabalhadores e sugerindo que o movimento sindical não buscou diálogo.
O presidente da Câmara insistiu na tese de que “todos os ritos foram cumpridos” e ignorou as críticas sobre a falta de negociação efetiva com a categoria e a condução política do processo. Também pediu “bom senso” à oposição, responsabilizando-a pela tensão, sem reconhecer o impasse causado pela falta de diálogo entre a gestão municipal e a categoria.
Por fim, Muniz afirmou que o projeto será sancionado pelo prefeito Bruno Reis (União), encerrando o episódio com um apelo retórico pela “construção de um consenso” — justamente o que não se viu durante toda a tramitação da proposta.