O retorno dos trabalhos na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), nesta terça-feira (5), foi marcado por um bate-boca entre os deputados Hilton Coelho (PSOL) e Leandro de Jesus (PL). A confusão começou após o parlamentar de esquerda criticar uma viagem feita pelo bolsonarista Leandro aos Estados Unidos, em meio à crise comercial provocada pelo aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros, anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump.

No plenário, Hilton cobrou da presidente da Casa, Ivana Bastos (PSD), a apuração dos gastos da viagem. Segundo ele, a Assembleia não pode custear deslocamentos de parlamentares que "atentam contra a soberania nacional". O pessolista se referia ao encontro de Leandro de Jesus com o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em Washington, durante a escalada da tensão diplomática.

A cobrança gerou reação imediata. Em entrevista, Leandro de Jesus afirmou que todas as despesas foram pagas com recursos próprios e partiu para o ataque:

“Foi tudo pago com recurso próprio. E, mesmo que fosse com dinheiro da AL-BA, não seria ilegal. Mas eu banquei tudo do meu bolso. Não tenho o valor exato, mas creio que foi mais de R$ 20 mil. Essa provocação é coisa de pilantra, típico do Hilton Coelho”, disparou.

Questionado se foi surpreendido com a crítica, Leandro disse que já esperava esse tipo de embate. “Sabia que pilantras como Hilton trariam isso à tona. Ele tomou na cara e ficou sem chão, porque não usei dinheiro público”, reforçou.

Hilton responde com ironia

Hilton Coelho afirmou que o xingamento não o atinge e reagiu com ironia, ao citar a greve de silêncio anunciada por deputados federais bolsonaristas, em protesto contra as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Eles estão em greve de silêncio, pensei que fosse nacional e por tempo indeterminado. Teria o meu regozijo”, alfinetou.

O deputado do PSOL disse ainda que vai formalizar um pedido à Mesa Diretora da Assembleia para apurar oficialmente se a viagem foi ou não bancada com verba pública.

“Eles costumam mentir muito, como todos sabem. Se estiver mentindo, vai ter que devolver o dinheiro da AL-BA”, concluiu.