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'Estado não pode ser matador' vs 'facções são terroristas': Jerônimo e Neto travam duelo sobre segurança na Bahia
'Estado não pode ser matador' vs 'facções são terroristas': Jerônimo e Neto travam duelo sobre segurança na Bahia
Após a operação que mirou o Comando Vermelho no estado, governador defende combate sem abusos e "mediação". Ex-prefeito rebate e acusa gestão petista de fragilizar enfrentamento às organizações criminosas
Por Redação
05/11/2025 às 08:42

Foto: Feijão Almeida / GOVBA | Betto Jr. / Divulgação
O debate sobre segurança pública voltou ao centro da política baiana após a Bahia prender mais de 30 suspeitos ligados ao Comando Vermelho. Enquanto celebrava a operação Freedom, que registrou uma morte de suspeito, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou que o Estado deve agir com firmeza, mas sem adotar uma lógica de extermínio.
"O Estado não pode ser um Estado matador. Não pode. O Estado tem que mediar", disse, ao se referir à letal operação policial no Rio que deixou 121 mortos, quatro deles policiais. Ele reforçou que a orientação é "cercar, prender e entregar [os suspeitos] à Justiça" e destacou a eficiência da ação baiana, que prendeu cabeças da facção e bloqueou contas usadas pelo grupo. "Não vamos dar trégua ao crime organizado na Bahia", prometeu.
A fala reacendeu o confronto político com o vice-presidente do União Brasil ACM Neto, que acusou o governo petista de enviar sinais errados à criminalidade. Para o ex-prefeito de Salvador, o discurso de Jerônimo enfraquece a autoridade do Estado.
"O que faltou o governador dizer é que não é papel do Estado cruzar os braços diante do assassinato de cidadãos de bem. Aqui na Bahia, quem morre é o cidadão, não o bandido", afirmou, em entrevista ao Correio. Neto disse ainda que o governador "defende que bandido tem que ser tratado com amor e carinho" e completou: "Não é com amor e carinho que o senhor vai resolver o problema da segurança pública… é garantindo que a ordem prevaleça".
O líder da oposição estadual ainda defendeu a tese dos parlamentares de direita no Congresso, que pretendem equiparar as facções criminosas a organizações terroristas. "É claro que quando o governador dá esse exemplo, as facções se acham no direito de ocupar o território, como fazem hoje na Bahia. Eles são verdadeiros terroristas e precisam ser tratados dessa forma, governador", disse ACM Neto.
Em entrevista ao Metrópoles, o secretário nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Marivaldo Pereira, criticou a "banalização" do termo e salientou o risco para o Brasil obter recursos internacionais. "Teria impacto no crédito: o risco-país varia também de acordo com o risco de atentado terrorista. Se, do dia para a noite, você diz que o Brasil tem 100 organizações terroristas, isso dificulta o acesso a crédito", explicou.
A troca pública entre Neto e Jerônimo marca mais um capítulo do embate entre o projeto petista de segurança com foco em inteligência e redução de letalidade, e o discurso da oposição baiana de endurecimento e "retomada de autoridade" contra o crime organizado — pano de fundo para 2026.

