Morro do Ipiranga: Silvio questiona se prefeitura quer deixar 'legado do remake de Selva de Pedra junto com Vale Tudo'

Foto: Evilásio Júnior

O vereador Silvio Humberto (PSB) afirmou que a bancada de oposição vai intensificar a mobilização da sociedade civil organizada esta semana, a fim de pressionar o Judiciário a não acatar a liminar da Prefeitura de Salvador, que pretende reverter a suspensão do leilão de uma área verde no Morro do Ipiranga.

Em entrevista ao Blog do Vila, o socialista afirmou que o prefeito Bruno Reis (União Brasil) precisa "entender" os argumentos do Ministério Público do Estado (MP-BA). Na semana passada, o gestor argumentou que a venda do imóvel "não será prejudicial a ninguém", ao questionar a decisão da Justiça Federal, que concedeu liminar ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU-BA). O órgão apontou potencial risco ambiental no uso comercial do terreno, com base em um laudo técnico da promotoria.

"A sociedade tem que obter esclarecimentos. Considerando os fatos que foram elencados, e o próprio Ministério Público também foi para cima e fez essas arguições, isso precisa ser devidamente entendido pelo prefeito. Eu acho que a visão que se tem de que o mercado imobiliário pode puxar o crescimento da cidade, isso tem um limite. Salvador não pode virar uma cidade dormitório. E mais, quando você avança sobre as áreas verdes, a natureza é um ativo e nem isso está sendo considerado quando você a classifica a área como inservível. Eu queria entender qual é o discurso de sustentabilidade da prefs. A prefs, ao que parece, não tem discurso consistente. Você tem até uma secretaria que se chama Secis. Para quê isso? Que legado você quer deixar? É o legado do remake de Selva de Pedra junto com Vale Tudo? Preserve o verde da nossa cidade", ironizou o legislador. 

Silvio ainda contestou a postura de Bruno, ao pontuar que o prefeito tem demonstrado "irritação" ao ser questionado sobre o tema. 

"É parte do jogo democrático você ouvir o contraditório e não se irritar, exceto se você for um soberano. Se é democracia, cabe o diálogo, a capacidade de você convencer o outro. O processo de desafetação é um erro para essa cidade, que dialoga com o Banco Mundial, que quer falar do centro histórico, do centro antigo da nossa cidade, das belezas naturais que tem na nossa cidade... mas o que nos diferencia de outras cidades? A gente não está falando de importância do clima, a gente está falando de emergência climática. As coisas se tornam emergentes, urgentes. Quando era importante, não foi feito. Então, eu acho que a gente não deveria perder essa oportunidade. A prefeitura não planeja, a prefeitura reage. Em vez de um planejamento reativo, eu acho que deveria ter um planejamento que, além de ser participativo, trouxesse as pessoas para o debate. A prefeitura tem que rever o seu conceito de sustentabilidade, porque esse que está aí não vai deixar nada, a não ser pedras concretas para as gerações futuras", criticou o vereador.

Segundo o MP, a venda do imóvel no Morro do Ipiranga deve ser suspensa, porque a área "está em uma encosta com vegetação nativa de restinga, pertencente ao bioma Mata Atlântica; apresenta risco de erosão e instabilidade do solo; E tais elementos, apontam, ao menos uma interpretação provisória, para o enquadramento do imóvel como área de preservação permanente". A intenção da prefeitura é leiloar a área, com lance mínimo de quase R$ 5 milhões (R$ 4.945.000,00).