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Cidadania e Novo em rota de colisão: disputas internas expõem rachaduras e reflexos eleitorais

Cidadania e Novo em rota de colisão: disputas internas expõem rachaduras e reflexos eleitorais

Roberto Freire reassume o comando do Cidadania e reabre impasse sobre federação com o PSB; no Novo, disputa entre José Carlos Aleluia e o ex-presidente André Quadros se transforma em guerra judicial e política

Por Evilásio Júnior

24/10/2025 às 06:00

Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados | Foto: Geraldo Magela / Agência Senado | Antônio Queirós / CMS | Evilásio Júnior

O ex-deputado federal Roberto Freire deve reassumir a presidência nacional do Cidadania após a sigla reconhecer a nulidade do ato que havia transferido o comando para Comte Bittencourt

Um documento interno, o Ato da Secretaria-Executiva nº 01/2025, determinou o restabelecimento imediato de Freire, a troca das senhas bancárias do partido e a atualização dos registros junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Banco do Brasil.

A decisão reacende a disputa interna em torno da federação com o PSB. Enquanto Bittencourt conduzia a aproximação e deixou o acordo encaminhado, Freire se opõe à ideia e já afirmou internamente que o PSB “é subserviente ao PT”.

Na Bahia, o efeito político é direto: a presidente estadual, vereadora Isabela Sousa, é aliada do prefeito Bruno Reis (União Brasil) e do ex-prefeito ACM Neto, o que dificultaria eventual alinhamento ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), caso a federação com o PSB avance.

Novo: impugnação, acusações e ameaça de judicialização

A situação no Partido Novo também esquentou. Documentos obtidos pela coluna mostram que o antigo diretório estadual impugnou a filiação de José Carlos Aleluia, sob alegação de violação ética, conflito de interesses e “nepotismo velado”, já que o atual presidente do partido na Bahia é seu filho, Luiz Felipe Aleluia.

A peça cita trechos do estatuto que vedam a mistura entre gestão e candidaturas, além de mencionar reportagens que relacionam Aleluia à Operação Lava Jato. O caso tramita na Vara da Fazenda Pública de Salvador, após passar pelo TRE-BA e pelo TSE, onde o ministro Nunes Marques declarou-se incompetente para julgar o mérito.

Em nota enviada ao Blog do Vila, o atual comando da sigla afirmou que o diretório nacional realizou todas as diligências e confirmou a idoneidade de Aleluia.

“Não existe nenhuma investigação, processo ou condenação” contra ele, diz o comunicado. O partido classificou as denúncias como “infundadas” e avisou que os autores serão processados por injúria, calúnia e difamação.

“O Partido Novo segue com a pré-candidatura de José Carlos Aleluia a governador da Bahia. Fazemos política com clareza de princípios e avançamos de maneira firme, consistente e tranquila”, diz a nota assinada pelo atual secretário-geral do Novo, Matheus Cansanção.

Quadros na mira e guerra interna no Novo

A atual direção do Novo afirmou ainda à coluna que o ex-presidente estadual André Quadros pode ser acionado civil e criminalmente por suposta má utilização de recursos do fundo partidário.

Uma planilha de pagamentos de junho mostra remuneração mensal a Quadros com verba do próprio fundo. Já uma decisão judicial de 2023 — assinada pelo desembargador Ricardo Borges Maracajá Pereira — aponta irregularidades em mais de 30% dos gastos do partido e determina recolhimento de R$ 26 mil ao Tesouro Nacional.

Tais elementos, segundo interlocutores ligados à direção atual, reforçam a justificativa política e jurídica usada pelo Novo para dissolver o diretório anterior e reorganizar a sigla no estado.

PL trava Aleluia e Bruno mantém Buck e Valcacio

Paralelamente, o PL deve dificultar a saída do vereador Alexandre Aleluia, que tenta se filiar ao Novo para disputar vaga de deputado federal. 

Conforme apurado pelo Blog do Vila, o presidente estadual do PL, João Roma, chegou a oferecer assistência jurídica a André Quadros na tentativa de retomar o controle da legenda — informação que os liberais negam, mas que reforça a briga por influência dentro da direita baiana.

Apesar do imbróglio no Novo, tanto a ex-candidata a vereadora Luciana Buck segue nomeada como Gerente IV na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec), quanto Robespierre Valcacio se mantém na direção-geral da pasta de Cultura e Turismo da Prefeitura de Salvador (Secult).

Enquanto a professora universitária resiste em apoiar o novo comando da sigla, informações chegadas à coluna dão conta de que o ex-presidente municipal tem sido "maleável" com os Aleluia.

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