Home
/
Notícias
/
Careca de Saber
/
Entre o silêncio do partido e o grito das ruas: Ireuda expõe incômodo com Jerônimo e mira o Planalto
Entre o silêncio do partido e o grito das ruas: Ireuda expõe incômodo com Jerônimo e mira o Planalto
Vereadora critica aliança com o PT e admite sonho presidencial; bastidor revela que oposição pode antecipar anúncio da chapa para frear avanço do governador
Por Evilásio Júnior
20/06/2025 às 06:00
Atualizado em 25/06/2025 às 14:49

Foto: Divulgação / CMS
A movimentação da oposição baiana em torno da eleição de 2026 ganhou um novo componente: o temor de perder ainda mais espaço para o governador Jerônimo Rodrigues (PT), que tem atuado para cooptar prefeitos adversários.
A estratégia, segundo um aliado de ACM Neto ouvido pela coluna, pode antecipar o anúncio da chapa que disputará o governo do Estado.
“A previsão era fim do ano ou depois do Carnaval. Mas Jerônimo está fazendo uma cooptação muito grande. Isso pode ser antecipado para estancar”, afirmou.
Apesar do receio, a avaliação nos bastidores é pragmática: prefeitos buscam oportunidades e podem retornar ao grupo oposicionista se enxergarem chance real de vitória.
“Quando se aproxima a eleição, eles começam o movimento de retorno. Tudo depende da expectativa de poder que será criada”, completou a fonte.
Ireuda recusa apoio a Jerônimo e critica "marmelada"
No contexto de articulação e disputa por hegemonia, a vereadora de Salvador Ireuda Silva (Republicanos) falou com exclusividade à coluna e não poupou críticas ao governador. Questionada sobre a possibilidade de seu partido apoiar Jerônimo por força da federação nacional com o MDB, ela foi direta:
“Eu, Ireuda Silva, não faço gosto. Ainda que eu queira defender uma sigla, eu não tenho como empurrar goela abaixo a inoperância de um trabalho, que é o trabalho do nosso governador”, disparou.
A vereadora afirma que o petista foi “empurrado” para o cargo e que sua gestão é fruto de uma “marmelada” política:
“Nós tivemos aí um homem empurrado. Sinto muito por ele como homem negro, por ter entrado em uma marmelada como essa. Historicamente ele não vai deixar legado”, apostou.
“Sonho com a Presidência do Brasil”
Apesar de já ter ventilado, no fim do ano passado, a possibilidade de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, Ireuda agora diz que ficará fora do pleito de 2026. Mas reforça que segue com ambições maiores:
“Vou apoiar, vou estar nas ruas, mas não vou estar nesse pleito. Lá na frente eu ainda sonho com a Presidência do Brasil”, avisou.
Fanatismo e polarização: críticas à militância do PT e do bolsonarismo
A vereadora também fez uma análise dura sobre a polarização política no país. Para ela, tanto o petismo quanto o bolsonarismo alimentam um ambiente doentio de manipulação e intolerância.
“Você é manipulado em todos os sentidos. É um fanatismo exacerbado. Há uma descompensação de entendimento. Que doença é essa? [...] O resultado é isso aqui: falta de consciência, de entendimento”, avaliou Ireuda.
Oposição aposta em Tarcísio e descarta Michelle
Nos bastidores de ACM Neto, a análise é de que a fadiga do governo Lula, somada à dificuldade econômica do país, pode abrir caminho para um nome da oposição em 2026. E Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, desponta como favorito.
“Ele vai ser competitivo no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. E até no Nordeste há uma fadiga com Lula. O povo não quer mais promessas, e sim entrega”, disse um interlocutor do União Brasil.
Já a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é vista com desconfiança para compor a chapa presidencial: “Michelle, não. Tem que ver um nome mais forte do Nordeste.”
A mais de um ano para o pleito, o jogo já começou
Com a tentativa de Jerônimo de consolidar apoio e a oposição ainda em busca de nomes, o cenário de 2026 começa a se desenhar sob forte tensão.
De um lado, a pressão da máquina governista. Do outro, a busca por uma candidatura que recupere o protagonismo perdido em 2022.
A antecipação do anúncio da chapa — e da narrativa — pode ser o primeiro grande teste da oposição no novo ciclo.