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MDB e Republicanos divergem sobre critérios de comando da federação na Bahia
MDB e Republicanos divergem sobre critérios de comando da federação na Bahia
Enquanto cúpulas negociam em Brasília, disputa pelo comando da união dos partidos no estado acirra tensões entre aliados e opositores
Por Evilásio Júnior
23/05/2025 às 06:00
Atualizado em 26/05/2025 às 11:21

Foto: Marcos Oliveira / Agência Senado | Reginaldo Ipê / CMS
Enquanto MDB e Republicanos avançam em tratativas nacionais para formar uma federação, na Bahia o diapasão ainda está desafinado. Em Brasília, as duas legendas têm o mesmo tamanho na Câmara – 44 deputados cada – mas o MDB leva vantagem no Senado, com 11 representantes contra quatro do aliado, e tende a assumir o comando da união.
No entanto, o cenário é bem diferente na política baiana. Aqui, o Republicanos faz oposição ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), enquanto o MDB ocupa a vice-governadoria, com Geraldo Júnior. E é justamente esse descompasso que ameaça incendiar a formação da nova aliança.
Apesar de ter menor capilaridade institucional na Bahia, o Republicanos conta com três deputados federais – Márcio Marinho, Alex Santana e Rogéria Santos –, contra apenas um do MDB, Ricardo Maia. A conta, segundo a direção local, pesa a favor da legenda ligada à Igreja Universal.
"É claro que isso é uma discussão em nível nacional entre a cúpula dos partidos, mas as tratativas estão caminhando bem e é evidente que, dentro da regra da federação, se isso vier acontecer, na Bahia, os republicanos têm três [deputados federais] e o MDB tem um. Então, como premissa, o Republicanos da Bahia assumiria a direção da federação por esses quatro anos", afirmou o presidente da sigla em Salvador, o secretário municipal de Infraestrutura e Obras Públicas, Luiz Carlos, em entrevista ao Blog do Vila.
Lúcio minimiza disputa e defende outros critérios
Na última terça-feira (20), o comandante municipal do MDB, Lúcio Vieira Lima, foi à capital federal para tratar de "interesses da Bahia" e se reunir com o presidente nacional da legenda, o deputado Baleia Rossi (MDB), justamente para discutir o impacto da federação no cenário local.
Em conversa com a coluna, o dirigente afirmou que as discussões ainda são "incipientes". "São conversas muito embrionárias. Pelo que sai na imprensa, parece que é uma coisa que vai se consolidar amanhã, mas não tem nada muito adiantado não. Isso acontece mais porque virou hábito fazer federação. O MDB é um partido importante e é lógico que todo mundo quer federar com o MDB, principalmente partidos menores, porque é uma oportunidade que tem de crescerem", declarou o emedebista.
Em relação à comparação de tamanhos entre os dois partidos, Lúcio contestou o cálculo que leva em consideração as bancadas federais.
"Nós temos três vezes mais prefeitos, três vezes mais vereadores, temos deputados estaduais, temos um federal e nós temos o vice-governador do Estado. Então, essa questão de tamanho não é assim. Não tem essa matemática, não. Não tem essa conversa de critério de deputado e pronto. Vamos verificar caso a caso quando iniciar as conversas, se chegar nesse ponto. Fazer política pelo dizem, dizem tanta coisa e nada se concretiza, certo? Então, vamos aguardar os acontecimentos", ponderou Lúcio.
Emedebista garante que 'não muda nada'; Nilo ameaça deixar partido
Em meio às especulações sobre o posicionamento da nova federação, embora considere a hipótese como "zebra", o ex-deputado Marcelo Nilo (REP) já avisou que mudará de partido, caso seja obrigado a apoiar a reeleição do governador Jerônimo Rodrigues.
"Nós temos três deputados federais. O MDB tem um. Se for feita a federação, e a federação ficar com o Republicanos na presidência, eu continuarei no Republicanos. Se der uma zebra, que eu acho quase impossível, e o partido ficar na base do governo, eu saio, porque jamais voltarei a fazer aliança com o PT, porque o PT não foi correto comigo", pontuou Nilo, que pretende concorrer ao Senado na chapa de ACM Neto (União) em 2026.
Por outro lado, de acordo com Lúcio, nada mudará no MDB. Ele não teme sequer que aconteça uma debandada, caso a união venha a ser efetivada: "Não tenho preocupação nenhuma de perder quadros. O MDB não perde quadro nenhum. Esqueça. Não tem preocupação nenhuma. O MDB continuará com o governador Jerônimo", salientou.
União das oposições contra Lula passa pela federação
Em Brasília, líderes da oposição tratam a federação MDB–Republicanos como parte da articulação para formar uma frente ampla contra Lula em 2026, que já contaria com a União Progressista Brasileira.
Com a possível inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aparece como principal alternativa da centro-direita.
Tarcísio contaria com o apoio do prefeito Ricardo Nunes e do ex-presidente Michel Temer, que poderiam levar o MDB para o projeto. Já o PSD de Gilberto Kassab, que ficaria com a vaga ao governo paulista, seria atraído para fortalecer a chapa em nível nacional.
Caso se concretize, a federação pode acelerar o desembarque das duas legendas da base de Lula e, de quebra, forçar a reconfiguração das alianças estaduais.