Petistas contam com 'chance zero' de Lula não ser candidato em 2026
Deputados federais baianos Jorge Solla e Zé Neto dizem que não há “plano B” e rebatem críticas à economia e à popularidade do presidente
Por Evilásio Júnior
16/05/2025 às 06:00
Atualizado em 19/05/2025 às 11:46

Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados
Enquanto setores da oposição e até integrantes do centro, como o ex-presidente Michel Temer (MDB), questionam uma possível candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição, os petistas não têm dúvidas: o presidente disputará um novo mandato em 2026.
De acordo com o deputado federal Jorge Solla (PT-BA), embora a idade avançada do chefe do Executivo nacional, que estará com mais de 80 anos durante a próxima campanha eleitoral, e a reprovação da gestão apontada em pesquisas, o partido não cogita outro cenário.
"A chance de Lula não ser candidato é zero. O Lula está muito bem de saúde, fazendo um bom governo, com muitas entregas acontecendo e novos investimentos sendo captados. Eu tenho certeza que Temer e a oposição continuam morrendo de medo do presidente Lula, porque sabem que ele será reeleito", afirmou o parlamentar ao Blog do Vila.
Zé Neto, também do PT baiano, reforça: "No PT, o candidato é Lula, o nosso plano A é Lula, inclusive na base de governo. Não dá para tratar de plano B se o plano A está encaminhado e encaminhado bem. Portanto, não tem que temer nenhum nome de oposição e tem que continuar trabalhando. O Brasil está muito melhor do que nos seis anos anteriores ao nosso governo. Agora tem sempre desafios que são próprios, não só do Brasil, mas de um mundo em movimento e com muitas situações que o conservadorismo ganhou corpo, mas aqui no Brasil não tenho dúvida de que nós estamos no caminho certo. Tenho certeza que o país vai evoluindo e o presidente Lula será, sim, candidato à reeleição e teremos mais quatro anos lá na frente de desenvolvimento e de encaixe do nosso país no mundo, no mundo tecnológico, no mundo moderno e no mundo inclusivo", completou, em conversa com a coluna.
Economia é defendida como trunfo, não obstáculo
Uma das teses propagadas para justificar uma suposta desistência do atual presidente de tentar renovar o mandato é a questão econômica. Após mais de dois anos no comando do Palácio do Planalto, o governo enfrenta críticas por não solucionar questões como o aumento da dívida pública e o endividamento das famílias, bem como a manutenção da alta taxa de juros e do preço dos alimentos.
Para os congressistas, ao contrário do que apontam mercado e parte da imprensa, o cenário é positivo. "Nossa situação econômica é invejável. Caiu o desemprego aos patamares mais baixos da história, com valorização do salário mínimo. Pela primeira vez, a desigualdade no Brasil está caindo. O problema é que essa turma acha ruim que a desigualdade caia, acha ruim que o desemprego caia, porque o sonho de país deles é de um país exportador de matéria-prima, grãos, minério e com o salário mais baixo possível, com a população mais desempregada possível, para trabalhar a qualquer preço", rebateu Solla.
De acordo com Zé Neto, apesar dos julgamentos negativos, o país está "no caminho certo". "Nós estamos com um PIB em crescimento há três anos e agora vai dar crescimento novamente. A gente conseguiu aprovar com a sociedade, com o Congresso em harmonia, uma reforma tributária, sendo agora regulamentada com tranquilidade. As coisas estão acontecendo no Brasil. Os investimentos externos voltaram a ser feitos. Estamos já em curso de um grande processo de transformação e reindustrialização com muitas empresas e países", minimizou.
Baixa popularidade não assusta petistas
Embora as últimas pesquisas de opinião apontem para um cenário desfavorável a Lula, com quedas progressivas nos índices de aprovação do governo, os deputados afirmam que a situação é transitória e não assusta o governo.
"Quando se fala em baixa popularidade, as pessoas às vezes esquecem que nós passamos por um dos piores cataclismas no fim do ano, que foi o que gerou um problema para a gente, para o governo e para a popularidade do presidente Lula. Acredito que foi algo momentâneo, pelo fato de termos problemas climáticos no mundo inteiro. Agora, temos problemas, como todos os países do mundo estão enfrentando problemas, e que não dependem só do governo. Nós temos que, com o pé no chão e com os aliados, atravessar essas dificuldades com o trabalho que está sendo feito", argumentou Zé Neto.
Já Solla comparou o momento atual com situações enfrentadas pelo próprio presidente em seus dois primeiros mandatos, de 2003 a 2011.
"Se você olhar, todos os governos, do segundo para o terceiro ano, é o momento em que você perde popularidade e começa a ganhar entregas. Então, é o que está acontecendo. Eu digo a você, nem nós deputados do PT esperávamos que em dois anos fosse ter uma recuperação tão gigantesca do Brasil como está tendo. A ampliação que teve de investimentos na saúde, na educação, na geração de emprego e em todas as áreas da infraestrutura. Então, nós estamos refletindo a reconstrução acelerada do Brasil. Este ano, a quantidade de entregas é fenomenal, é gigantesca. O segundo ano do primeiro governo foi difícil, com a oposição e o poder econômico dizendo que Lula não seria candidato, mas depois não só ele foi reeleito, como seu segundo governo foi o melhor da história do nosso país", associou.
Tarcísio e ACM Neto não preocupam, avaliam deputados
A construção de uma possível "união das oposições" contra Lula, com uma candidatura considerada "moderada" de Tarcísio de Freitas (Republicanos), associada a uma conjunção de forças, a exemplo na nova federação União Progressista Brasileira, também não assombra os petistas.
O palpite de Jorge Solla, inclusive, é o de que o governador de São Paulo não abandonará a corrida pelo Palácio dos Bandeirantes. Já na Bahia, para ele, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) será obrigado a concorrer para manter a liderança do seu grupo político.
"Eu diria a você que o Tarcísio e ACM Neto não vão perder a oportunidade de liderarem os seus grupos. ACM Neto vai ter que ser candidato a governador sabendo que não vai ser eleito, mas se ele não for candidato a governador, ele vai perder a capacidade de coesionar o seu campo. Por outro lado, o Tarcísio não vai deixar o governo do Estado porque não vai perder a capacidade de manter essa coesão através do gigante que é São Paulo. Ele vai deixar para se candidatar a presidente, provavelmente, na sucessão de Lula em 2030", apostou.
Na avaliação de Zé Neto, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) consiga reverter a inelegibilidade e efetive uma candidatura, como desejam seus aliados, a disputa será ainda mais favorável ao petista, em função da comparação entre os governos.
"Nós ficamos seis anos perdendo políticas públicas, como foi o caso da Minha Casa Minha Vida, que agora nos últimos três anos já tem R$ 123 bilhões de investimentos. O Bolsa Família enfrentou muitas dificuldades, muitas irregularidades. Essa própria situação do INSS, da Previdência, começou lá atrás no governo deles, e nós estamos investigando, trabalhando, corrigindo, retomando políticas públicas e lançando novas. Os nossos números apontam para um Brasil com muito mais justiça social, inclusão social e maior poder aquisitivo das famílias", elencou o deputado.
O capitão reformado inelegível até 2030, conforme decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após ser condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.