'Calor do momento': Temer relativiza ataque de Tarcísio a Moraes
Em coletiva no Congresso de Direito e Sustentabilidade, ex-presidente também confirmou que o MDB terá liberdade para decidir rumos na Bahia e comentou julgamento de Bolsonaro no STF
Por Evilásio Júnior
11/09/2025 às 13:44

Foto: Evilásio Júnior
O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) minimizou, nesta terça-feira (10), a declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de "tirano" durante ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista.
De acordo com o emedebista, a fala foi feita no "calor do comício" e deve ser entendida como uma tentativa de manter apoio da base bolsonarista. "Não foi feliz, eu tenho que dizer, com aquelas palavras, mas eu compreendo bem. Lá era o calor daquele comício, daquela movimentação, e mais ainda talvez a tentativa de mostrar que ele não era desleal ao ex-presidente Bolsonaro. Afinal, ele precisa do voto daqueles que são bolsonaristas. Eu acho que é esta a razão dele", disse, ao ser questionado pelo Blog do Vila durante o 3º Congresso Brasileiro de Direito e Sustentabilidade, no Palacete Tira Chapéu, em Salvador.
Temer admitiu que tem conversado com governadores para articular um programa comum de centro-direita a ser submetido ao eleitorado em 2026, antes da definição de nomes. Para ele, Tarcísio surge como alternativa capaz de unificar setores, apesar do desgaste momentâneo. "Ele trabalhou no meu governo, eu conheço bem o Tarcísio, ele é muito moderado, muito equilibrado, e acho que o Brasil precisa de moderação e de equilíbrio nesse momento", completou.
O ex-presidente também comentou o futuro do MDB na Bahia e afastou a possibilidade de imposição nacional em relação ao apoio ao governador Jerônimo Rodrigues (PT). "O MDB sempre foi uma espécie de federação. Na verdade, eu presidi o MDB por 15 anos e soube controlá-lo. Mas eu sei como é que é. Quando chega uma eleição presidencial, são as realidades locais que determinam para onde o partido vai", afirmou.
Questionado sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, o emedebista evitou se posicionar, ao alegar não conhecer os autos em profundidade, mas reafirmou sua visão de que ministros como Moraes e Luiz Fux têm buscado a pacificação institucional.
Nesta quarta-feira (10), Fux contrariou Moraes, relator do processo, e votou para absolver Bolsonaro de todos os crimes dos quais foi acusado. "Até o presente momento, pelo menos o que eu acompanhei, ele está absolvendo a todos, de modo que para o ex-presidente Bolsonaro claro que este voto é fundamental e importantíssimo", considerou.
Temer ainda sugeriu que o próprio Supremo encontrasse alternativas jurídicas para evitar uma anistia ampla aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, de modo a prevenir um choque entre Judiciário e Legislativo.
"Eu acredito na qualidade, digamos assim, pacificadora, não só do Alexandre, mas também do Fux, de todos, porque eu sinto que há, nas várias conversas que eu tenho, um desejo pela tranquilização do país. É claro que muitas e muitas vezes nos autos você vai de acordo com as provas, decide desta ou daquela maneira. Não significa que se quer pôr, digamos assim, gasolina no fogo. Muitas e muitas vezes o que ocorre é que a prova dos autos leva para esta ou aquela convicção. Levou, por exemplo, o ministro Alexandre para um lado, levou o ministro Fux para outro lado", considerou o ex-presidente.
Moraes foi indicado ao STF pelo próprio Temer durante o seu governo.