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Tiago Correia chama novas operações de crédito de 'cheque em branco' e diz que Propag 'funciona como 23º empréstimo'

Tiago Correia chama novas operações de crédito de 'cheque em branco' e diz que Propag 'funciona como 23º empréstimo'

Líder da oposição afirma que projetos chegam sem detalhamento, comprometem o futuro das contas públicas e transformam o contribuinte baiano no “verdadeiro devedor” do pacote de financiamentos

Por Evilásio Júnior

11/12/2025 às 13:11

Foto: Sandra Travassos / Alba

A madrugada foi longa na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), e o deputado Tiago Correia (PSDB), líder da oposição, deixou claro que a resistência ao novo pacote de empréstimos do governo está longe de ser apenas simbólica. Em entrevista à CBN Salvador, o parlamentar detalhou como a sessão que avançou até 3h30 aprovou mais dois pedidos de crédito do Executivo e elevou a conta total de autorizações para R$ 26 bilhões — sem contar os valores que ainda serão refinanciados pelo Estado.

Além das duas operações — R$ 300 milhões com a Caixa e R$ 650 milhões com o Banco do Brasil — os governistas aprovaram também a adesão ao Propag, programa federal de refinanciamento de dívidas, o que, segundo Tiago, “funciona como mais um empréstimo”. “É o 23º empréstimo. Refinanciar é tomar dinheiro de novo”, considerou. “O Propag é um refinanciamento por mais 30 anos. Isso é, na prática, um novo empréstimo. Não sabemos nem quanto será refinanciado porque o governo não detalha”, completou o tucano.

O parlamentar reforça que não há transparência na destinação dos recursos. A comparação com governos de outros estados, como São Paulo, é recorrente no discurso do deputado, que acusa o Executivo de enviar projetos “genéricos, com quatro ou cinco artigos” que não especificam nenhuma obra. “Não existe nenhuma vinculação. O governo pode usar como quiser. É um projeto genérico e um parecer tão genérico quanto. Um cheque em branco”, classificou.

Tiago também questiona os efeitos concretos dos investimentos anunciados pelo governo, ao enumerar indicadores negativos nas áreas de segurança, saúde e educação: “Somos o estado mais violento, a regulação piorou 240% e temos a penúltima pior educação do país. O discurso é de que nunca se investiu tanto. Mas os resultados concretos não aparecem. Essa é a nossa preocupação”.

O oposicionista alerta que, com a nova rodada de crédito, o governo compromete o equilíbrio das finanças para os próximos anos — e quem pagará a conta é o contribuinte. “Quem de fato toma o empréstimo é a população. Somos nós que pagamos. E metade do povo da Bahia vive abaixo da linha da pobreza”, disse.

O deputado estima que cerca de R$ 10 bilhões já foram contratados ou estão em fase inicial de contratação. Ele afirma que a oposição aguarda respostas do Tribunal de Contas do Estado e do Tribunal de Justiça sobre uma representação que questiona a capacidade de endividamento do governo e a transparência do processo.

Durante a madrugada tensa, segundo Tiago, a bancada de governo não rebateu as críticas: “A base não falou. Ficou só ouvindo. Nós tentamos sensibilizar, mas não conseguimos”.

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