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Nilo detalha planos para integrar chapa de Neto, ataca Rui e revela mágoa com Otto: 'Não botou o bumbumzinho na CPI da Ebal porque eu não deixei'

Nilo detalha planos para integrar chapa de Neto, ataca Rui e revela mágoa com Otto: 'Não botou o bumbumzinho na CPI da Ebal porque eu não deixei'

Ex-deputado defende ministro no "caso Janja", mas diz acreditar em plano para retirar governador do páreo em 2026: "O que Rui Costa diz sentado não se segura em pé. Como ele traiu Wagner, ele agora quer trair Jerônimo e eu acho realmente que ele vai fazer tudo para ser candidato a governador"

Por Evilásio Júnior

20/05/2025 às 06:00

Atualizado em 21/05/2025 às 09:16

Foto: Marcus Silva

Pré-candidato ao Senado em 2026, o ex-deputado federal Marcelo Nilo (Republicanos) revelou bastidores da sua caminhada para, enfim, conquistar pela primeira vez a vaga em uma chapa majoritária. 

Em anos anteriores, quando era aliado do PT, ele não alcançou o objetivo e acusou o então governador Rui Costa (PT) de traí-lo. Em entrevista ao jornal CBN Salvador, nesta segunda-feira (19), o ex-congressista confessou guardar "mágoas" do atual ministro da Casa Civil e disse acreditar em uma suposta articulação do petista para tentar retirar do governador Jerônimo Rodrigues a chance de concorrer à reeleição. 

"O que Rui Costa diz sentado não se segura em pé. Como ele traiu Wagner, ele agora quer trair Jerônimo e eu acho realmente que ele vai fazer tudo para ser candidato a governador", afirmou. 

No entanto, Nilo "defendeu" Rui da recente associação do nome dele ao vazamento de uma cobrança da primeira-dama Janja da Silva ao presidente chinês Xi Jinping para limitar a atuação da extrema-direita brasileira no Tik Tok. 

"Rui Costa não tem uma boa relação com a imprensa. Aliás, ele não tem com ninguém. Ele é muito frio, muito mal-educado. É uma pessoa que não cumprimenta as pessoas. Se você for despachar com ele, seja um secretário ou um deputado, ele fica no WhatsApp respondendo as mensagens e não dá atenção à pessoa. Eu não creio que foi o Rui Costa que vazou aquela informação da Janja. Não que ele não tenha vontade, mas porque ele não tem relação com a imprensa", atacou, ao apostar que o responsável pela comunicação foi o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). 

Além de Rui, o ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia também expôs "decepção" com o senador e comandante estadual do PSD Otto Alencar, que teria dito a ele "conte comigo o resto da vida" em meio à definição de sua candidatura a vice-governador na chapa de Jaques Wagner em 2010. 

"A Bahia tem três bons senadores, mas não posso deixar de dizer que eu sempre achei o Otto Alencar muito ingrato comigo, porque fui eu que ajudei a trazer ele para a base. [...] Agora, eu fui candidato a conselheiro do Tribunal de Contas e ele não me recebeu. Eu falei com o filho, falei com a secretária, e ele não me recebeu. Então, eu fiquei muito magoado e decepcionado. Aliás, ele não botou o bumbumzinho dele na CPI da Ebal porque eu não deixei", apontou, sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito da AL-BA que apontou, em 2008, irregularidades na gestão da extinta Empresa Baiana de Alimentos e prejuízos de R$ 620 milhões aos cofres públicos. À época, o governo do Estado, que teve Otto como gestor entre 2002 e 2003, controlava a Cesta do Povo.

Sobre o seu atual partido, Marcelo Nilo assegura ter entendimento internamente para disputar o Senado e afirma que só sairá do Republicanos se a condição para efetivar a federação com o MDB for um alinhamento automático com o governo. "Se der uma zebra, que eu acho quase impossível, e o partido ficar na base do governo, eu saio, porque jamais voltarei a fazer aliança com o PT, porque o PT não foi correto comigo", disse. 

Embora afirme que se um dia for papa ou presidente baixará um decreto "dizendo que ingratidão tem que ser um crime inafiançável", em relação a ACM Neto, o ex-parlamentar aposta na candidatura do ex-prefeito de Salvador ao Palácio de Ondina e nega que, caso não seja escolhido para integrar a majoritária, também achará que foi traído: "Se, por acaso, ele não puder me dar a vaga de senador, quando escolher o coordenador, eu vou trabalhar com ele, porque eu acredito muito no projeto de Neto". 

Confira os principais trechos da entrevista e veja a íntegra ao final da matéria:

Rui candidato ao governo em 2026

"Eu diria a você que eu conheço o Rui Costa como a palma na minha mão. Jaques Wagner mandava no governo de Rui Costa o que eu mando no governo de Lula: nada. O Jerônimo foi indicado por Rui Costa e hoje quem manda no governo Jerônimo Rodrigues é Jaques Wagner, tanto é que tem um secretário de articulação política [Adolpho Loyola], ou seja, Rui Costa manda no governo de Jerônimo que eu mando no governo de Lula: nada. Por isso que Rui Costa quer ganhar o PT, porque o que Rui Costa diz sentado não se segura em pé, como ele traiu Wagner, ele agora quer trair Jerônimo e eu acho realmente que ele vai fazer tudo para ser candidato a governador, porque a senador ele tem Jaques Wagner, tem Ângelo Coronel e, se eles dividirem, podem ter certeza que a derrota para o Senado será muito grande, uma vez que o ACM Neto, que é pré-candidato a governador, está muito forte e desde 1962 quem vence para governador elege os dois senadores. Eu quero ser candidato ao Senado na chapa de ACM Neto".

Vazamento do áudio de Janja

"Rui Costa não tem uma boa relação com a imprensa. Aliás, ele não tem com ninguém. Ele é muito frio, muito mal-educado. É uma pessoa que não cumprimenta as pessoas. Se você for despachar com ele, seja um secretário ou um deputado, ele fica no WhatsApp respondendo as mensagens e não dá atenção à pessoa. Eu não creio que foi o Rui Costa que vazou aquela informação da Janja. Não que ele não tenha vontade, mas porque ele não tem relação com a imprensa. Para você telefonar para uma jornalista e dizer, olha, Janja fez isso e isso, precisa ter confiança e relação pessoal. Eu não tenho a menor dúvida de quem foi. Aliás, Lula deixou muito claro na entrevista dele, ao citar Elmar Nascimento e Davi Alcolumbre. Elmar sempre foi um cara decente, né? Eu acho que foi o Davi Alcolumbre, porque ele é um malandro, no bom sentido, para fazer fofoca".

Respiradores e Via Bahia

"E eu diria a você com muita clareza, o Rui Costa está com um problema gravíssimo sobre o negócio dos respiradores. Ele dispensou a licitação, pagou antecipado e não foi entregue um respirador. E a Polícia Federal, não é Marcelo Nilo, está dizendo que os recursos foram desviados. Ele agora entrou aí no comando para tirar a Via Bahia e pagou R$ 880 milhões para suspender o contrato. A Via Bahia prestou um péssimo serviço na Bahia. No fim de semana eu ia para o interior e tinham mais ou menos 60 carros quebrados, vários pneus furados. Quem está ganhando são os borracheiros. Eu até brinquei que acho que o Rui Costa está tendo um contato com os comandantes dos borracheiros, porque os borracheiros estão sorrindo. Então o Rui Costa está muito envolvido no negócio dos respiradores e agora ele se mete e paga quase 900 milhões à Via Bahia, que prestou durante muitos anos um péssimo serviço". 

Situação interna no Republicanos

"Estou no Republicanos e não vou sair do Republicanos. Eu tenho uma relação muito próxima com o Márcio Marinho. Eu sentei com o Márcio e perguntei: 'Márcio, você quer ser candidato a senador'? Márcio disse: 'Não, eu sou candidato a deputado federal'. 'Tem alguém no partido que quer ser senador'? 'Não, só você que está querendo'. Então, eu creio que eu terei o apoio do Republicanos para ser candidato a senador. Até saiu uma pesquisa no fim de semana, ligada ao PT, e eu apareci com 20%. Rui Costa, com 48%, Jaques Wagner, 38%, Coronel, 23%, Roma, 25%, e eu 20%. Eu sou o único daquela turma que nunca foi candidato a uma majoritária. Neto vai ser o técnico e ele vai escolher os melhores jogadores. Se realmente eu for um dos melhores, pode ter certeza absoluta que eu serei candidato a senador. Eu quero ser senador, mas ai vai depender do povo. Se o povo quiser serei, se o povo não quiser, paciência".

Federação MDB-Republicanos

"Nós temos três deputados federais. O MDB tem um. Se for feita a federação, e a federação ficar com o Republicanos na presidência, eu continuarei no Republicanos. Se der uma zebra, que eu acho quase impossível, e o partido ficar na base do governo, eu saio, porque jamais voltarei a fazer aliança com o PT, porque o PT não foi correto comigo. O PT nunca me deu um voto. Eu fui presidente da Assembleia cinco vezes e o PT só me apoiou uma. As quatro outras vezes, quem me lançou foi a oposição. Na última eleição minha para presidente, nós éramos 14 partidos. Treze me apoiaram, e o PT saiu em fila indiana para não me apoiar. Então eu não devo nada ao PT, pelo contrário, eles me devem. Eu tive uma relação muito boa, fraternal, com o Jaques Wagner. Não vou dizer que eu não sinto saudade daquelas conversas com ele, porque ele é sedutor, você conversa com ele, ele não resolve nada, mas te conquista com aqueles olhos azuis. Agora, eu não quero mais acordo com o PT".

Mágoa com Otto 

"A Bahia tem três bons senadores, mas não posso deixar de dizer que eu sempre achei o Otto Alencar muito ingrato comigo, porque fui eu que ajudei a trazer ele para a base. Eu me lembro que Wagner estava em uma reunião com o PP ali, pressionando, pressionando. E ele me perguntou: 'Marcelo, Otto ou Leão?'. Eu falei o seguinte: 'Bota Otto no PP, você atende o Leão e mata dois coelhos com um tiro de sal'. Eu vou contar uma historinha rápida aqui. Quando o Otto foi escolhido vice-governador, eu estava em casa, até de pijama porque estava prestes a dormir e meio gripado. Jaques Wagner me ligou: 'Rapaz, preciso de você. Você é primo da esposa de Otto? Eu disse 'sou'. Você vai na casa de Otto agora. Ele mandou um recado para o Rui Costa dizendo que não quer mais ser vice-governador. Eu fui lá, estavam Ângelo Coronel e Félix pai. Eu disse: 'Olha, Otto, você foi presidente da Assembleia, governador e tem uma história. Você não pode mandar um recado, pô. Nós trabalhamos muito para você ser o vice. Você vai lá pessoalmente e diga para o Jaques Wagner que não quer mais ser vice-governador porque está com problema de saúde'. Félix pai disse: 'É, Nilo tem razão'. Aí, eu liguei para Wagner, e ele falou: 'Traga ele aqui. Sentando aqui comigo eu resolvo'. Marcaram um café da manhã, 8h30, lá no Palácio de Ondina. No dia seguinte, às 10h da manhã, Otto me ligou: 'Marcelo, você é a segunda pessoa que sabe que eu vou ser candidato a vice-governador. Primeiro foi a minha esposa, Márcia, você é o segundo. Conte comigo o resto da vida'. Agora, eu fui candidato a conselheiro do Tribunal de Contas e ele não me recebeu. Eu falei com o filho, falei com a secretária, e ele não me recebeu. Então, eu fiquei muito magoado e decepcionado. Aliás, ele não botou o bumbumzinho dele na CPI da Ebal porque eu não deixei. Pessoalmente, eu não quero relação com Otto, porque senti muita ingratidão. Ingratidão é um crime inafiançável, mas ele é um bom senador, o filho dele é uma excelente pessoa, de bom caráter. Uma pessoa amigável, afável. Eu acho que se algum dia eu for Papa ou presidente dos Estados Unidos ou presidente do Brasil, eu baixo um decreto dizendo que ingratidão tem que ser um crime inafiançável".

Se não for escolhido, Neto será ingrato?

"Não, não, de jeito nenhum. Na primeira vez, Neto foi muito correto. Ele tinha um acordo comigo para eu ser o vice-governador, mas o PDT disse que romperia se Marcelo fosse o vice. Ele me chamou e conversou. Quando você tem um acordo e chama para conversar, eu respeito. Renegociamos, faz parte da vida. Agora ele não tem nenhum acordo. Se eu estiver bem, ele que vai lá em casa me adular para eu ser candidato a senador. Eu até brinquei com ele: 'Você vai lá em casa implorar para eu ser senador, porque o homem que tem 20% não é desprezível'. Se você me perguntar se estou satisfeito com o ACM Neto, estou. Ele é perfeito, não, mas me dou muito bem com ele. Ele me respeita muito. É uma pessoa que todas as vezes que eu telefono ele retorna, todas as vezes que eu peço audiência ele conversa, e ele tem me incentivado muito nessa pré-candidatura ao Senado. Olha, eu estive há uns três meses com ACM Neto e posteriormente eu estive com o Bruno Reis. Eu não tenho nenhuma dúvida de que ele será candidato a governador e a vice, provavelmente, vai ser do PP. Na época não tinha federação. O que Neto me disse? 'Olha, Marcelo, nós temos cinco partidos. O União, o PP, o PSDB, o Republicanos e o PL. Tenho duas vagas para três partidos, PL, PSDB e Republicanos. Aquele que eu apoiar para candidato a presidente, vamos supor, se for do PL, por exemplo, eu dou a vaga do Senado ao PSDB e ao Republicanos. Se for do Republicanos, eu dou ao PL e ao PSDB. Se for do PSDB, eu dou ao PL e ao Republicanos'. Neto me confidenciou há quatro meses que não queria o PDT na nossa base, que ia pedir que ele saísse da oposição. Ele estava muito magoado quando o Félix Mendonça [Júnior] disse que ele não tinha palavra. O Bruno pediu que não o expulsasse, que aguardasse um pouco. Eu disse: 'Olha Neto, eu quero ser candidato a senador. Eu não gostei de ser deputado federal. Eu te dou três coisas, lealdade, experiência e coragem. Se você precisar de um homem com essas três qualidades, eu estou pronto para te ajudar'. Se, por acaso, ele não puder me dar a vaga de senador, quando escolher o coordenador, eu vou trabalhar com ele, porque eu acredito muito no projeto de Neto".

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