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Aliados apostam que Muniz tentará 'hat-trick'; presidente dá pistas, mas não confirma nem descarta: 'Só tenho até agora um mandato'
Aliados apostam que Muniz tentará 'hat-trick'; presidente dá pistas, mas não confirma nem descarta: 'Só tenho até agora um mandato'
Presidente da Câmara de Salvador não descarta disputar novamente o comando da Casa em 2027; aliados avaliam que cenário jurídico e apoio político serão decisivos
Por Evilásio Júnior
15/08/2025 às 06:00
Atualizado em 16/08/2025 às 01:43

Foto: Evilásio Júnior
Presidente da Câmara Municipal de Salvador desde dezembro de 2022, quando Geraldo Júnior (MDB) renunciou para disputar a eleição estadual e se tornou vice-governador, Carlos Muniz (PSDB) não descarta tentar novamente o comando da Casa em 2027.
Nos bastidores, aliados avaliam que a decisão de lançar o filho como candidato a deputado federal em 2026 é um sinal de que ele pretende permanecer na presidência. O movimento é visto com "estranheza" por muitos dos seus pares.
O tucano foi eleito para o biênio 2025-2026 em janeiro deste ano, mas não considera ter vencido o pleito de reeleição. Dessa forma, caso decida concorrer novamente, ele não acredita que infringiria a regra do Supremo Tribunal Federal, que impede três mandatos consecutivos de integrantes de mesas diretoras do Poder Legislativo.
"Não, porque eu só tenho até agora um mandato de presidente. Quando eu me elegi na primeira gestão, eu me elegi vice-presidente. Então, na realidade, se eu for disputar a próxima eleição, vai ser a segunda vez que eu disputarei a próxima eleição como presidente da Câmara. Não tem terceiro mandato", argumentou Muniz, em entrevista ao Blog do Vila.
O precedente da Alba e o risco jurídico
O caso do deputado estadual Adolfo Menezes (PSD), que perdeu o comando da Assembleia Legislativa para a vice e correligionária Ivana Bastos após decisão judicial, serve de alerta. Em dezembro de 2022, o STF fixou que só cabe uma reeleição ou recondução, mesmo em legislaturas diferentes, exceto para composições eleitas antes de 7 de janeiro de 2021.
"Se o STF entender dessa forma, nem disputar eu vou. Eu acho que a gente tem que acatar as ordens do Judiciário. Então, jamais irei de encontro ao que o STF decidir", disse o presidente.
No entendimento de integrantes da base governista ouvidos pela coluna, a restrição do STF a mandatos consecutivos "sem dúvida" se aplica a Muniz, embora Geraldo Júnior tenha conseguido reverter uma decisão do ministro Nunes Marques, que tinha suspendido a eleição da Mesa Diretora em dezembro de 2022, com direito a mudança de voto de Gilmar Mendes em novembro do ano seguinte. A contestação tinha sido feita, à época, pelo partido do prefeito Bruno Reis (União Brasil).
"Ele tem dois mandados. E se ele tem dois mandatos, não iria para o segundo e sim para o terceiro. Mas acho que, no fundo, nem ele tem convicção do que está dizendo. As decisões do STF são muito claras. Há uma grande insegurança jurídica aí. Ele vai pagar para ver?", questionou um vereador, sob condição de anonimato.
"Naquele caso, o advogado do União estava tão seguro que apostaria o patrimônio dele que Geraldo não conseguiria fazer o que fez. Não se engane se Muniz quiser alguma coisa nesse sentido e o vice assumir", ponderou outro, ao apontar Sidinho (PP) favorito no cenário: "A questão é que eu não sei se Muniz conseguiria eleger alguém contra a vontade de Bruno, não sendo ele".
2027 é logo ali
Mas Muniz tem intenção realmente de buscar o terceiro – ou segundo, como ele diz – mandato?
"A gente tem ainda um ano e meio pela frente. Eu não sei se daqui para lá eu estarei vivo. Imagine se eu vou disputar uma eleição. Primeiro eu tenho que saber se os colegas concordam. Depois eu tenho que saber se tem um número suficiente para ganhar uma eleição. Então, são várias coisas que nós temos que pensar daqui para frente, mas isso aí não está no radar hoje não. No radar está fazer o melhor para a população, principalmente no que eu acho que tem mais deficiência hoje em Salvador, que é o transporte público. Espero fazer um trabalho para que venha a melhorar, para a população deixar de sofrer como vem sofrendo com o transporte público de Salvador", tergiversou o presidente.
Neto ou Jerônimo?
Caso realmente decida tentar a recondução ao fim do biênio, a empreitada de Carlos Muniz, no entendimento de aliados, depende de alguns fatores.
O principal deles é a escolha de apoio do vereador na próxima eleição estadual. Amigo de Geraldo Jr., o tucano marchou com Jerônimo Rodrigues em 2022 e não só não descarta repetir a dose, como cogita filiar o filho a um partido integrante da base governista.
“Se ele apoiar e ACM Neto ganhar, pode haver acordo. Se der Jerônimo, esqueça”, resumiu um vereador.
Saída do PSDB ou "fofoca"?
Para aumentar o tom das especulações, dentro do próprio PSDB é cogitada a saída do presidente da Câmara do partido, independentemente da sigla que filiará Carlos Muniz Filho.
Aliado de primeira hora do tucano, no entanto, o vereador Rodrigo Amaral (PSDB) classificou como "fofoca" a possibilidade de o correligionário deixar o partido e apoiar a candidatura à reeleição do governador. "Vamos marchar juntos com ACM Neto", garantiu, em entrevista à CBN Salvador.
Na esteira da decisão de Carlos Muniz, os principais interessados no posto – e em uma possível indicação – são os vereadores Kiki Bispo, Claudio Tinoco e Duda Sanches, todos integrantes do União Brasil. Eles não escondem de ninguém o interesse de comandar o Legislativo soteropolitano.