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Em ritmo de forró, Jerônimo conquista '113% de apoio' de Zé Cocá e mina planos da oposição
Em ritmo de forró, Jerônimo conquista '113% de apoio' de Zé Cocá e mina planos da oposição
De olho na reeleição, governador visita 15 cidades e recebe afagos até de aliados de ACM Neto; oposição também se move, mas clima é de alerta
Por Evilásio Júnior
27/06/2025 às 06:00
Atualizado em 27/06/2025 às 11:36

Foto: Divulgação
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) aproveitou como poucos o período junino para reforçar sua base e fazer política em ritmo de forró.
Em pouco mais de uma semana, o chefe do Executivo baiano visitou 15 cidades em diferentes regiões da Bahia, com direito a caravana pelo interior e participação em festas de destaque no calendário junino. No total, foram cerca de 50 prefeitos, vice-prefeitos e lideranças reunidos em diferentes agendas.
O roteiro foi iniciado em Rio de Contas, na Chapada Diamantina, ainda durante o Corpus Christi. Em seguida, a comitiva percorreu Itororó, Ibicuí, Itapetinga, Ipirá, Lençóis, Jussiape, Seabra, Muritiba, São Félix, Cruz das Almas, Maracás e Jequié, além de Livramento de Nossa Senhora e Mucugê, onde o petista foi recebido com vaias do público.
O detalhe curioso é que ambas as cidades "hostis" são administradas por prefeitas do PSB, partido comandado no estado pela deputada federal Lídice da Mata: respectivamente, Ana Olímpia e Joanina Batista.
Ao todo, cerca de 300 municípios baianos receberam algum tipo de apoio do Governo do Estado durante os festejos — seja com segurança pública, estrutura de saúde ou auxílio financeiro direto.
O apoio de Zé Cocá e o recado à oposição
Ao contrário da hostilidade registrada em terras aliadas, na estratégica Jequié a recepção não poderia ser melhor.
O prefeito Zé Cocá (PP) — que semanas atrás era citado como um dos nomes da "chapa dos sonhos" da oposição liderada por ACM Neto (União Brasil) — hoje tem o apoio descrito por correligionários de Jerônimo como favas contadas.
"Chance de 113%", brincou um aliado de alta patente à coluna, ao somar o máximo possível ao número de sua legenda.
No entanto, o petista ponderou que a discussão sobre a formação da chapa majoritária só deve ser iniciada no começo do próximo ano. Mesmo assim, o clima já é de casamento na roça, até porque, assim como o deputado estadual Niltinho (PP), o destino de Cocá é especulado no PSD.
Constrangimento em Cruz das Almas
Outro movimento político significativo ocorreu em Cruz das Almas. Ednaldo Ribeiro (Republicanos), prefeito da cidade, recebeu Jerônimo de forma calorosa mesmo após ter votado em ACM Neto em 2022 e recebido o vice-presidente nacional do União Brasil na véspera.
"Estou muito satisfeito com a visita do governador em Cruz das Almas. Não votamos nele em 2022 e ele não votou com a gente em 2024, mas fica o respeito e a democracia. Precisamos de pessoas que tenham o estilo que o governador tem. Aqui estamos tendo o apoio do Governo do Estado e eu não posso esconder isso", declarou.
A fala soou como uma invertida em relação ao ex-prefeito de Salvador, que esteve na cidade no dia anterior e chegou a ouvir do "aliado" que a gestão petista era uma "doença".
Neto e sua romaria
Enquanto o arrasta-pé de Jerônimo avançou sobre diversos territórios, inclusive adversários, ACM Neto seguiu a agenda junina em poucas cidades, todas comandadas por aliados.
Além de Cruz, ele esteve em Santo Antônio de Jesus, onde foi recepcionado pelo prefeito Genival Deolino (PSDB); Santo Amaro, onde o anfitrião foi o gestor local Flaviano Bonfim (União) e São Gonçalo dos Campos, comandada pelo também correligionário Tarcísio Pedreira.
Na última cidade, a boa notícia foi a declaração de apoio formal do ex-prefeito Carlos Germano (PT) ao projeto de oposição. Porém, o petista não é visto como uma liderança capaz de agregar votos fundamentais em projeto da oposição, nem na sua própria cidade.
A ausência de Neto em cidades-chave nos festejos juninos foi, inclusive, motivo de grita geral entre os seus aliados, que cobram uma presença mais efetiva do ex-prefeito de Salvador no interior para barrar a ofensiva de Jerônimo sobre as bases da oposição.
No Senado, cada um no seu quadrado
Se os principais pré-candidatos ao governo baiano utilizaram o calor das fogueiras das festas juninas como termômetro para 2026, para os senadores e aspirantes à Câmara Alta do Congresso restou o frio das noites do interior.
Cauteloso, o senador Otto Alencar (PSD) acompanhou o governador em Ipirá. Jaques Wagner (PT) esteve em Mucugê, onde também testemunhou os apupos dirigidos a Jerônimo.
Avesso a grandes multidões, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), apenas postou um card genérico de "Feliz São João" em suas redes sociais.
Angelo Coronel (PSD) publicou um vídeo ao lado da esposa Eleuza e pulou a fogueira: "Resolvemos descansar um pouco e 'forrozear' a dois".
Bruno Reis busca 'sabedoria' com o Papa
Outro sumido dos festejos juninos foi o prefeito da capital Bruno Reis (União Brasil), que aproveitou o período para uma viagem internacional.
Após desaparecer das redes sociais no São João — com exceção de uma foto com o filho trajado de vaqueiro — reapareceu nesta quarta-feira (26) direto do Vaticano, onde participou de uma audiência com o Papa Leão XIV.
Disse que foi agradecer a Deus e pedir sabedoria para conduzir a reta final da gestão e “fazer um segundo mandato ainda melhor do que o primeiro”.