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'Chateado', PSDB se irrita com falta de espaços, acena a Jerônimo e ameaça romper; PDT cogita nova guinada

'Chateado', PSDB se irrita com falta de espaços, acena a Jerônimo e ameaça romper; PDT cogita nova guinada

Coluna Careca de Saber mostra tensões e movimentos na política baiana: pedetistas inquietos, PSDB insatisfeito, Muniz em dilema e governador de SP em destaque

Por Evilásio Júnior

12/09/2025 às 06:00

Foto: Reprodução / Instagram | Montagem: Blog do Vila

Aliado do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) em todas as suas gestões em Salvador e indicador da vice na sua tentativa de chegar ao Palácio de Ondina, em 2022, o PSDB é o partido do grupo mais insatisfeito. 

Na capital, a sigla ainda tenta consolidar espaço na Secretaria Municipal de Saúde (SMS), após perder a disputa pela Educação. "O partido achou que a Saúde seria muito mais do que está sendo, mas a prefeitura passa por uma fase financeira muito difícil", admitiu um tucano.

De acordo com um parlamentar ouvido pela coluna, a pasta tem cerca de 4 mil cargos terceirizados ou comissionados, mas os deputados e vereadores não tiveram direito de indicar ninguém.

"O partido não manda em nada. O rombo é de R$ 800 milhões. Fizeram obras faraônicas, como Hospital do Homem, maternidade e laboratório municipal, mas não tem condição de botar em funcionamento por falta de dinheiro. Bruno Reis tem que fazer suplementação orçamentária de R$ 85 milhões por mês", relatou. 

Internamente, os acenos do presidente da Câmara, Carlos Muniz, ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) são considerados até mesmo como sinais de rompimento.

"Bruno não está cumprindo nada na secretaria. Não há desejo de romper, mas existe um movimento. Há o desejo de ficar [na base], mas ninguém vai ficar para ser sacaneado", desabafou um tucano, revoltado, em entrevista ao Blog do Vila.

Adolfo, Tiago e Jordávio minados no interior

No interior, a bronca é maior ainda em Juazeiro, onde a sigla acusa o prefeito soteropolitano de apoiar a "invasão" de seu aliado Igor Dominguez às bases do deputado Jordávio Ramos.

Já em Vitória da Conquista, a pré-candidatura de Wagner Alves, marido da prefeita Sheila Lemos (União Brasil), à Assembleia Legislativa, é vista como ameaça à reeleição de Tiago Correia (PSDB). "Foi indelicado lançar sem conversar com o PSDB. Adolfo Viana mandou emendas e, mesmo assim, começaram a minar Tiago", disse uma liderança. Outro integante da sigla afirma que Sheila tinha acordo com Adolfo, "tanto que o partido fez três vereadores na cidade".

Em Itamaraju e outras cidades do interior há queixas semelhantes. "O PSDB se sente desprestigiado. Neto precisa arbitrar", resumiu um legislador da legenda.

Ainda assim, os tucanos discordam sobre a possibilidade de rompimento. "Não tem caminho do lado de lá [Jerônimo]. Aleluia [Novo] é difícil. O PSDB não acrescenta nada para Jerônimo e Neto precisa do partido, que tem que estar fortalecido para fazer de dois a três deputados federais", calculou um. "Adolfo está muito chateado e Muniz está fazendo gesto para o governo. Se Jerônimo abraçar tem caminho sim", contestou outro.

Muniz fora do PSDB e dentro do governo?

O mal-estar tucano abre espaço para que o presidente da Câmara, Carlos Muniz, busque uma legenda governista para abrigar o filho na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados. Em conversa com o blog, alguns tucanos revelaram dúvidas até mesmo sobre a permanência do vereador na sigla. 

"Muniz vai botar o filho onde puder elegê-lo. Até então, Muniz Filho sairá pelo PSDB, mas todos sabem que ele vai procurar um caminho mais seguro para a eleição. A nossa vontade é de que seja pelo PSDB, até para que ele possa ajudar Adolfo na montagem da chapa. O fato é que o partido que ele escolher termina dando o direcionamento do apoio dele", confidenciou um aliado do chefe do Legislativo.

Amigo próximo do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), Muniz não esconde que votou em Lula e Jerônimo em 2022. Se permanecer no partido e assinar a ficha do rebento, a principal concorrência interna de Muniz Filho será o vice-prefeito de Feira de Santana, Pablo Roberto, conforme os correligionários.

Em caso de saída, o entendimento é que, apesar do imbróglio, o presidente não levará consigo nenhum dos outros quatro vereadores do partido eleitos em Salvador.

PDT pode arremeter, de novo

Integrantes do PDT ligados ao prefeito Bruno Reis (União Brasil) se animam com a possibilidade de uma nova saída do partido da base petista na Bahia. Há quem dê como certo o reposicionamento, a exemplo do que já ocorreu em 2015 e 2020.

Realinhada ao Palácio de Ondina em abril, até agora a legenda segue sem espaço no governo Jerônimo Rodrigues (PT), por falta de ofertas atraentes. O Blog do Vila apurou que a direção estadual não orientou, nem cobrou ou freou o ímpeto dos quatro vereadores na Câmara de Salvador, que mantêm a postura crítica à gestão estadual.

Em entrevista ao blog, o vereador Omarzinho Gordilho foi direto: "O PDT continua junto com Bruno nessa caminhada. Eu já tinha me posicionado contra o governo do PT, diante de tantos problemas, como segurança pública, saúde e promessas não cumpridas. Jerônimo mais viaja do que governa. Tenho certeza de que, no momento certo, o PDT vai tomar o rumo ideal para as próximas eleições".

Outro que não alterou sua postura é Anderson Ninho: “Eu respondo pela parte municipal. Em nenhum momento fui comunicado de saída nem de entrada no governo do Estado. Estou à disposição e trabalhando muito por Salvador".

Após recusar a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), nem a nova Seponte apetece os anseios pedetistas.

Hamilton quer comissão mista para Tarifa Zero

O vereador Hamilton Assis (PSOL) pediu a criação de uma frente parlamentar mista para discutir a adoção da tarifa zero no transporte público de Salvador. A ideia é envolver sociedade civil, sindicatos e movimentos sociais.

“Detectamos que o transporte coletivo é um dos fatores que aumentam a desigualdade social. A mobilidade precisa ser pensada também como reparação histórica para as populações pobres e negras da periferia”, defendeu.

Por enquanto, só ele e Hélio Ferreira (PCdoB), representante dos rodoviários que tem um projeto semelhante em tramitação na Casa, aderiram ao colegiado. Não há prazo para instalação.

Tarcísio divide a direita baiana

O discurso inflamado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) que, no 7 de Setembro, defendeu anistia para Bolsonaro e atacou o ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem chamou de "tirano", dividiu opiniões na Bahia.

Enquando o ex-presidente Michel Temer (MDB) relativizou a fala, no União Brasil alguns reagiram mal: “Isso é ruim, só cria contenda. O grande problema da direita é não decidir um nome”, protestou um parlamentar.

Outros elogiaram: "Foi muito inteligente para atrair o eleitorado de Bolsonaro. Um ato calculado", avaliou um parlamentar.

No Republicanos, houve quem visse sinal de aproximação com o PL. "Se decidir ser candidato, vai ter que ir para o PL", afirmou um dirigente ligado à Igreja Universal. Mais críticos foram diretos: "Tarcísio está envenenado. Virou cachorrinho de Bolsonaro. Se fosse ele, iria para a reeleição e em 2030 disputaria a Presidência com folga", disparou um integrante.

Integrantes da cúpula das legendas defendem a candidatura do chefe do Executivo paulista à Presidência como forma de catapultar o nome de ACM Neto no estado.

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