Muniz redefine o jogo na Câmara e pavimenta chapa do PSDB para 2026
Devolução recorde de recursos, reconfiguração interna para as eleições e a implosão silenciosa do projeto de Sidninho movimentam a Câmara, enquanto Novo, oposição e grupos empresariais reorganizam posições na disputa de 2026
Por Evilásio Júnior
05/12/2025 às 06:00

Foto: Reginaldo Ipê / CMS
A movimentação do presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz (PSDB), deve mexer com o xadrez eleitoral baiano. Até o fim do mês, ele anunciará a filiação do próprio filho ao PSDB para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026.
O movimento encerra as especulações sobre uma eventual aproximação com a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT). O pacote tucano inclui ainda a entrada do ex-deputado federal Marcelo Guimarães Filho, que reforçará a disputa do partido, hoje representado apenas por Adolfo Viana.
No plano administrativo, Muniz também prepara um feito raro: a devolução de R$ 40 milhões de suplementação à prefeitura, resultado das economias do Legislativo em 2025. O valor é o dobro do repasse realizado no ano anterior e será usado como cartão de visitas para fortalecer o discurso de gestão eficiente.
Sucessão implode: Sidninho perde apoio e favorito desponta
Se 2027 ainda está longe, os bastidores da Câmara já se movem para a disputa pela sucessão de Muniz. E um nome antes tido como competitivo simplesmente derreteu. Sidninho (PP), que nunca escondeu o desejo de presidir a Casa, passou a ser tratado pelos pares como carta fora do baralho.
Vereadores relatam que o progressista “atropelou o processo”, criou desafetos e perdeu lastro interno. “Diz para todo mundo que será o próximo presidente, mas já viu que subiu o telhado. Agora anda de cara feia na Casa. É um dos mais ausentes”, disse um edil. Outro foi mais duro: “Começou a atirar em Muniz para o público externo. Está queimado, assim como se queimou com Bacelar, João Roma, Vítor Azevedo e Cacá Leão”.
Com o campo aberto, nomes como Kiki Bispo, Duda Sanches e Cláudio Tinoco (todos do União) circulam, mas quem desponta como favorito é Ricardo Almeida (DC). “Rei morto, rei posto”, resumiu um aliado. Muniz, no entanto, estuda o cenário jurídico para tentar a própria reeleição.
Sidninho, por sua vez, tem dito que representa “um grupo muito maior” e que comércio e lideranças empresariais definirão os próximos presidente e prefeito.
Oposição mira Leandro de Jesus por ausência em pautas decisivas
Na Assembleia Legislativa, integrantes da oposição têm se queixado da atuação do deputado Leandro de Jesus (PL). Dizem que o parlamentar tem sido mais ativo nas redes do que nos debates internos da Casa.
"É apenas um lacrador de internet", reclamou um membro da bancada.
Os deputados citam a ausência de Leandro em votações importantes, como a decisão sobre a prisão do deputado Binho Galinha (PRD), e os sucessivos pedidos de empréstimos enviados pelo governo Jerônimo.
Novo vira abrigo para insatisfeitos do PL e prepara chapa competitiva
Informações chegadas à coluna dão conta de que o Novo tem recebido "muita gente insatisfeita com o PL", sobretudo no interior, com a mudança de comando do partido no estado.
O principal motivo é a suposta priorização da candidatura da deputada federal Roberta Roma, esposa do presidente estadual da sigla e ex-ministro da Cidadania, João Roma, que teria deixado "muitos grupos de direita escanteados".
Pré-candidatos com aproximadamente 30 mil votos que não tinham espaço entre os liberais "já têm para onde ir", apostam dirigentes. "Vai ser um ambiente competitivo e atraente que vai se diferenciar dos outros partidos", disse uma fonte da agremiação à coluna.
A meta é eleger um deputado federal — não necessariamente Alexandre Aleluia, ainda no PL — e um estadual. Os nomes seguem em sigilo para evitar disputa de outras legendas.
ACM Júnior aposta em vitória de Neto no 1º turno
O presidente da Rede Bahia e ex-senador ACM Júnior avaliou, em entrevista ao Blog do Vila, que seu filho ACM Neto (União Brasil) tem condições reais de vencer no primeiro turno, especialmente se a disputa se firmar como confronto direto entre o ex-prefeito e o governador Jerônimo Rodrigues (PT).
Para ele, a candidatura de José Carlos Aleluia pelo Novo “atrapalha um pouco” a estratégia oposicionista.

Foto: Max Haack / Divulgação
Pepe Faro em foco: legado no cinema e estratégia empresarial
Com o lançamento do filme “Amigo”, que homenageia Pepe Faro em vida, o empresário André Faro, sócio do Almacen Pepe, comentou com a coluna a filosofia que norteia o grupo familiar.
Sobre a decisão de não levar a Perini para o Sudeste e a estratégia atual do Almacen, foi direto: “É com o olho do dono que o gado engorda. A gente tem que estar perto do negócio. Empresa familiar tem que ser administrada pela família”.
Questionado sobre a venda da Perini para o grupo Cencosud, também não hesitou: “De maneira alguma nos arrependemos. Foi uma oportunidade de negócio. O cavalo selado só passa uma vez”.
Na obra, o próprio Pepe repudia a falta de compromisso do supermercadista chileno em manter a qualidade que marcou a delicatessen sob a gestão Faro.

