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Chapa majoritária, debate com aliados e 2026: o que pensa Tássio Brito, novo presidente do PT-BA

Chapa majoritária, debate com aliados e 2026: o que pensa Tássio Brito, novo presidente do PT-BA

Líder petista baiano defende estratégia coletiva, minimiza alianças nacionais e manda recado à oposição: "Tem duas coisas que perdem eleição: achar que já ganhou e achar que já perdeu"

Por Evilásio Júnior

11/07/2025 às 06:00

Atualizado em 10/07/2025 às 20:55

Foto: Divulgação

A nova direção estadual do Partido dos Trabalhadores na Bahia tem rosto jovem, sotaque do sul do estado e DNA forjado na militância estudantil. Em entrevista à CBN Salvador, Tássio Brito, 40 anos, eleito presidente do PT baiano no Processo de Eleição Direta (PED), detalhou as prioridades para o mandato, defendeu alianças, rebateu críticas e traçou o caminho para 2026.

De onde vem Tássio Brito

Itabunense, Tássio formou sua trajetória política na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), onde atuou no Diretório Central dos Estudantes. Foi dirigente da juventude do PT, ocupou a coordenação nacional de juventude no governo Dilma Rousseff e chegou à vice-presidência da UNE.

Filiado à corrente Esquerda Popular, que tem nomes como o deputado federal Valmir Assunção e as secretárias Fabya Reis (Assistência e Desenvolvimento Social) e Rowenna Brito (Educação) na Bahia, Tássio fez questão de diferenciar sua origem:

“Apesar da ligação com Valmir e com Fabya, eu não sou do MST. Não sou assentado, não sou dirigente do movimento”.

Chapa majoritária e o debate com aliados

Sobre a especulação de uma chapa majoritária com Rui Costa ao Senado sem a presença do PSD, reforçada em entrevista recente concedida pelo próprio ministro da Casa Civil, ao lado do senador Jaques Wagner, Tássio contemporizou:

“A aliança que o PT faz parte só funciona se todo mundo ganhar. O ex-governador Rui Costa é um nome forte, assim como Wagner, Jerônimo, Otto. Mas esse debate será feito dentro da coalizão, como sempre fizemos. A estratégia é coletiva”, argumentou.

O partido dos senadores Otto Alencar e Angelo Coronel não aceita um espaço diferente da candidatura ao Senado em 2026.

Impacto limitado de alianças nacionais na Bahia

Tássio minimizou os reflexos, no estado, da formação de uma coalizão nacional de centro-direita em torno do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Além do partido do chefe do Executivo paulista, outras legendas que possuem ministérios no governo Lula e integram sua base de sustentação no Congresso são especuladas no projeto, a exemplo de União Brasil, PP, MDB e o PSD. 

De acordo com o dirigente, muitas das agremiações já não estavam com o PT na última eleição:

“A realidade é que o Congresso é conservador. Lula sabe dialogar, mas tem lado. Aqui na Bahia temos um projeto muito vivo e forte. Não será a primeira vez que partidos que não estão conosco nacionalmente caminham conosco aqui”, considerou, ao minimizar o impacto da construção na reeleição do governador Jerônimo Rodrigues (PT) no próximo ano.

Olho em 2026 e um recado para a oposição

Questionado sobre o desafio eleitoral de 2026, Tássio disse que toda eleição é difícil, e mandou um recado indireto a ACM Neto:

“Tem duas coisas que perdem eleição: achar que já ganhou e achar que já perdeu. A última eleição na Bahia teve muito disso”.

Para ele, quando o governo Lula entrar no "modo campanha", com dados de crescimento, retomada de programas sociais e investimentos, a comparação com o governo anterior favorecerá a base.

“O Brasil hoje é um dos países que mais crescem no mundo. Quando o nosso projeto for comparado, não tenho dúvida de que vamos continuar caminhando com o povo”, apostou.

A costura de Wagner e o apoio da bancada

Para vencer no PT, é preciso saber agregar. E Tássio sabe disso. Segundo ele, a candidatura à presidência estadual foi fruto de uma ampla coalizão que contou com apoio decisivo do senador Jaques Wagner.

“O senador Jaques Wagner foi uma mola fundamental. É o principal incentivador da renovação no PT, ele tem muita consciência de que o partido precisa renovar os quadros, fazer transição geracional”, afirmou.

O novo presidente também destacou o apoio da bancada federal, deputados estaduais, prefeitos, vereadores e militantes de todo o estado. Fez ainda saudações nominais a Jonas Paulo, Gabriel Cavalcante, Rodrigo Pereira e Rodrigo Riela, concorrentes que derrotou no PED.

O desafio da paridade

Apesar de apenas uma mulher – Elen Coutinho – ter disputado a presidência do PT na Bahia, Tássio reforçou que a paridade é uma conquista histórica e obrigatória no partido.

“A nossa executiva será metade homem, metade mulher. Todos os diretórios municipais têm essa determinação. Isso é fruto da luta das mulheres que se organizaram para dizer que no PT tinha que ter espaço em todas as instâncias”, assegurou.

Uma queixa histórica dos próprios correligionários é a falta de espaço para mulheres ocuparem posições de destaque, por exemplo, uma candidatura feminina ao Governo do Estado. Jamais a Bahia foi comandada por uma mulher.

Metas para dentro e para fora

Tássio traçou como metas principais a reeleição de Jerônimo Rodrigues no primeiro turno, a ampliação das bancadas legislativas e a recondução de Lula. Mas chamou atenção para outro eixo:

“Temos um dever de casa também: o fortalecimento do partido. Quem disputa a consciência da sociedade é o partido. Para estar forte na eleição, tem que estar forte também fora dela”.

O novo presidente do PT-BA se comprometeu com o impulsionamento das setoriais – estrutura que organiza os debates identitários dentro do partido: mulheres, LGBTs, quilombolas, povo negro, sem-terra, sem-teto. Também prometeu percorrer os territórios para dialogar sobre a tática eleitoral desde agora.

Rebatendo críticas sobre perda de bases

Alvo de críticas de Jonas Paulo e outros petistas, a gestão de Éden Valadares foi defendida por Tássio. Ele destacou que houve aumento do número de diretórios municipais regularizados, de 250 para 350, entre 2020 e 2024:

“Às vezes, no momento da tática eleitoral, cria-se uma distorção aqui, uma divergência ali. Mas a crítica é fundamental no PT. O partido é grande porque garante divergência e opinião”.

Tássio Brito assumirá o comando do PT em setembro, logo após o fim do mandato de Éden, e ficará no posto até 2029.

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