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A entrevista, o ruído e o silêncio

A entrevista, o ruído e o silêncio

Entre o que se disse, o que se ouviu — e o que ninguém respondeu: a mudez de Rui e Wagner alimenta especulações e acirra a disputa na base aliada para 2026

Por Evilásio Júnior

30/05/2025 às 06:00

Atualizado em 02/06/2025 às 10:52

Foto: Sandra Travassos / AL-BA

Causou estranheza o silêncio do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e do senador Jaques Wagner diante da equivocada repercussão da entrevista que os petistas concederam esta semana a uma emissora de rádio local.

Na conversa, os ex-governadores se colocaram como pré-candidatos ao Congresso em 2026 e defenderam a necessidade de diálogo e construção para manter a "unidade do grupo" — inclusive citando nominalmente Angelo Coronel (PSD). No entanto, a maior parte da imprensa baiana cravou a manchete de "rifada oficial" do atual senador e do PSD.

Embora o mediador, no encerramento do programa, tenha forçado uma declaração de que estaria "combinado" que ambos seriam candidatos ao Senado na chapa do governador Jerônimo Rodrigues (PT), quem se deu ao trabalho de acompanhar a entrevista na íntegra percebeu que o tom predominante foi outro, muito mais cauteloso.

Apesar disso, o que se seguiu foi um completo show de horrores: diversos veículos reproduziram o suposto "lançamento" e mobilizaram figuras políticas para comentar o "fato", o que gerou declarações duras. Entre elas, a de Cacá Leão, que classificou o episódio como “fritura pública e humilhação” de Coronel, e até do prefeito Bruno Reis (União Brasil), que caiu na armadilha ao afirmar que o PT estaria "dando um chute na bunda do PSD".

É fato: assim como a manutenção de Coronel em 2026 não é bem vista pela maioria dos petistas, também é difícil aceitar que o PT ocupe três das quatro vagas majoritárias, diante de uma base aliada tão ampla. Escantear o leal PSD — que detém cerca de 30% das prefeituras baianas — seria, sobretudo, um suicídio eleitoral.

No entanto, nem Wagner, nem Rui, que recentemente esperneou contra a imprensa de Brasília, após ter o nome especulado para uma suposta candidatura ao Palácio de Ondina, vieram a público desmentir o factoide ou, ao menos, relativizar a narrativa. A CBN Salvador e o Blog do Vila tentaram falar com a dupla para colocar os pingos nos "is", mas ficaram no vácuo.

Diante da permissão para a propagação do ruído, a pergunta que fica é: a estratégia era realmente deixar o circo pegar fogo?

Alden acredita em potencial de CPI para desgastar Rui

Um fator que pode complicar as pretensões eleitorais de Rui Costa no próximo ano, segundo o deputado federal Capitão Alden (PL), é o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a compra de respiradores nunca entregues pelo Consórcio Nordeste, em 2022, à época presidido pelo então governador da Bahia.

De acordo com Alden, ele já coletou mais da metade das 171 assinaturas necessárias e, nos próximos dias, fará reuniões com líderes partidários para obter as demais.

"Essa CPI tem um potencial enorme de desgastar, não somente Rui Costa, mas diversos outros atores do processo político nacional, especialmente ex-governadores e alguns governadores eleitos do Nordeste. Afinal, envolveu os nove estados brasileiros, supostamente, em esquemas de desvios de recursos públicos", pontuou.

Segundo o parlamentar, o montante desviado pode superar os R$ 48,7 milhões apontados em inquérito da Polícia Federal contra a empresa Hempcare Pharma. "O inquérito envolve também a Ocean 26 e a Pulsar Development. Somados, são R$ 264 milhões em contratos para fornecimento de respiradores pagos antecipadamente, mas nunca entregues. Isso pode ter provocado a morte de milhares de baianos que, infelizmente, não tiveram assistência ou equipamentos nas unidades de saúde", lamentou.

Conforme a PF, os recursos foram utilizados para fins pessoais, na aquisição de carros de luxo e até pagamento de faturas de cartão de crédito. 

João Leão confirma candidatura a estadual e lança Cacá para federal

O deputado federal João Leão (PP) confirmou ao Blog do Vila que não tentará a reeleição para a Câmara dos Deputados em 2026. Ele quer que a sua vaga seja herdada pelo filho, o secretário municipal de Governo, Cacá Leão. Aos 80 anos, Leão será candidato, mas para uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).

"Tudo indica que eu vou para deputado estadual. Vamos puxar uma bancada forte do PP na Assembleia. Quem vem para federal é Cacá Leão. Será uma dobradinha", anunciou.

Embora já tenha sido prefeito de Lauro de Freitas (1989-1993), deputado federal por cinco mandatos consecutivos (1995-2015) e vice-governador (2015-2023), Leão nunca concorreu a deputado estadual.

Já Cacá, que perdeu a última eleição para o Senado, foi deputado estadual (2011-2014) e federal (2015-2023).

Ivan Euller rebate artistas e afirma que Salvador é a segunda capital mais arborizada do país

O secretário municipal de Sustentabilidade e Resiliência, Ivan Euller, contestou as críticas de artistas — como Anitta, Nando Reis, Daniela Mercury e Regina Casé — sobre uma suposta falta de preservação das áreas verdes em Salvador.

As críticas se basearam em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicam que 65,6% da população soteropolitana vive em vias sem árvores, fazendo de Salvador a segunda menos arborizada do país, atrás apenas de São Luís (MA).

"A imprensa vem divulgando o dado do IBGE de forma inadequada. O instituto fala apenas de arborização em calçadas, não da arborização total da cidade", rebateu.

Segundo ele, outras métricas, como a do MapBiomas, consideram Salvador a segunda capital mais arborizada do país, com mais de 26% de cobertura vegetal. "Além disso, a ONU recomenda pelo menos 12 m² de áreas verdes por habitante; Salvador tem mais de 30 m² por habitante", destacou.

Desde o Plano Diretor de 2016, a cidade criou mais de 26 mil quilômetros quadrados de áreas verdes, e a gestão atual prevê a entrega de mais três parques.

O maior desafio, segundo Euller, é arborizar a orla atlântica, considerada a mais salinizada do mundo. A estratégia inclui o plantio de coccolobas, árvores comuns na América Central e na Flórida, resistentes ao ambiente litorâneo.

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