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Antes do apito: vereadores de Salvador já esquentam os bastidores para 2026
Antes do apito: vereadores de Salvador já esquentam os bastidores para 2026
Mal recomeçaram os trabalhos na Câmara, e o clima já é de eleição: levantamento exclusivo mostra quem quer subir de divisão, quem fica no banco e quem ainda aguarda a prorrogação
Por Evilásio Júnior
08/08/2025 às 06:00
Atualizado em 12/08/2025 às 11:15

Foto: Antonio Queirós / CMS
A Câmara de Salvador mal reiniciou os trabalhos no segundo semestre e o clima já é de eleição. Nos corredores, o barulho não vem apenas dos bate-bocas e pedido de cassação de vereador, mas também das articulações — e ambições — para 2026.
Levantamento exclusivo realizado pelo Blog do Vila aponta quem será, quem poderá ser e quem já decidiu não disputar nenhum cargo nas próximas eleições estaduais e federais. O resultado é uma fotografia inédita do xadrez político da capital, com impacto direto nas estratégias de Bruno Reis (União Brasil), Jerônimo Rodrigues (PT) e ACM Neto (União Brasil).
Quem vai ao jogo
Doze vereadores já decidiram entrar em campo e disputar uma vaga em 2026. Metade quer a Assembleia Legislativa, mas os parlamentares que miram Brasília pode passar de seis. Um deles, inclusive, pode ser candidato a governador da Bahia contra Jerônimo e Neto:
Marcelle Moraes (União) – pré-candidata a deputada estadual (Apoia ACM Neto);
Paulo Magalhães Júnior (União) – pré-candidato a estadual (Apoia ACM Neto);
André Fraga (PV) – pré-candidato a estadual; fará campanha neutra (Ligado a ACM Neto, mas partido apoia Jerônimo);
Ricardo Almeida (DC) – pré-candidato a estadual (Apoia ACM Neto).
Cezar Leite (PL) – pré-candidato a deputado estadual (Apoia ACM Neto);
Alexandre Aleluia (PL) – também buscará vaga na Câmara dos Deputados (Apoia ACM Neto);
Jorge Araújo (PP) – atual suplente federal, tentará uma vaga efetiva (Apoia ACM Neto);
Sandro Filho (PP) – tentará vaga na Câmara Federal (Apoia ACM Neto);
Sidninho (PP) – outro que disputará como federal (Apoia ACM Neto);
Silvio Humberto (PSB) – tentará vaga na Câmara dos Deputados (Apoia Jerônimo Rodrigues);
Eliete Paraguassu (PSOL) – pré-candidata a federal (Apoia nome do PSOL);
Hamilton Assis (PSOL) – após a desistência de Kléber Rosa em disputar o governo do Estado, para buscar uma vaga na AL-BA, tem o nome ventilado internamente como possível candidato do PSOL ao Palácio de Ondina. Caso o grupo decida pelo seu nome, topará o desafio. Se não, decidirá se será postulante a estadual ou federal.
Quem está no aquecimento
Sete vereadores colocaram o nome à disposição de seus partidos, mas ainda aguardam definição — seja por estratégia, insegurança jurídica ou articulação maior:
Kiki Bispo (União) – líder de Bruno na Câmara está disposto a disputar vaga na Assembleia, mas depende de decisão partidária (Apoia ACM Neto);
Téo Senna (PSDB) – quer disputar vaga na AL-BA, mas pode trocar de partido (Apoia ACM Neto);
George Gordinho da Favela (PP) – também mira a AL-BA (Apoia ACM Neto);
Marta Rodrigues (PT) – disposta a disputar vaga na Assembleia, mas depende de decisão partidária (Apoia Jerônimo Rodrigues);
David Rios (MDB) – pré-candidato a estadual (Apoia Jerônimo Rodrigues);
Felipe Santana (PSD) – colocou o nome à disposição do presidente do partido na Bahia e senador Otto Alencar para compor a chapa de estaduais da sigla (Apoia Jerônimo Rodrigues);
Anderson Ninho (PDT) – tem interesse em disputar a AL-BA, mas enfrenta risco jurídico com possível mudança de partido (Apoia ACM Neto).
Quem vai ficar no banco
A maioria dos parlamentares da capital — 24 — decidiu não disputar nenhum cargo em 2026. Os motivos variam: apoio à reeleição de atuais mandatários, cautela jurídica, fidelidade ao grupo ou foco em garantir mandato na Câmara em 2028.
O caso mais simbólico é o dos demais três pedetistas — Débora Santana, Roberta Caires e Omarzinho Gordilho — que desistiram de qualquer movimentação após o rompimento do PDT com ACM Neto. Trocar de partido agora seria risco de perda de mandato, já que a janela para eles só irá se abrir em 2028.
Outros exemplos:
Duda Sanches (União) – vai concentrar esforços para apoiar o pai, Alan Sanches, para deputado federal;
Marcelo Guimarães Neto (União) – articula retorno do pai, o ex-deputado federal Marcelo Guimarães Filho (UB), de 2003 a 2011, a voltar para Brasília após 15 anos;
Carlos Muniz (PSDB) – apoia o filho, Carlos Muniz Filho, para federal; seu alinhamento é híbrido, entre Neto e Jerônimo — aliado de Bruno, declarou voto no petista em 2022 e é muito ligado ao atual vice-governador Geraldo Jr. (MDB);
João Cláudio Bacelar (Podemos) – apoiará a reeleição do pai, o deputado Bacelar (PV), que pode retornar à sua antiga sigla;
Randerson Leal (Podemos) – focará na candidatura do pai, o deputado estadual Roberto Carlos (PV), a federal.
Entre os nomes que descartam qualquer candidatura, por ora, estão ainda:
Cláudio Tinoco e Orlando Palhinha (União); Rodrigo Amaral, Daniel Alves e Cris Correia (PSDB); Ireuda Silva, Beca, Júlio Santos e Kel Torres (Republicanos); Fábio Souza e Kênio Rezende (PRD); Aladilce Souza e Hélio Ferreira (PCdoB); Maurício Trindade (PP), Alex Alemão (DC) e Isabela Sousa (Cidadania).
O dilema de Isabela
Presidente estadual do Cidadania, a vereadora Isabela Sousa terá que arrumar a nominata do partido em um cenário diferente em 2026. Apesar da iminente federação com o PSB, o Blog do Vila apurou que ela não trocará de partido, mas terá de mudar de lado.
Tudo tem sido arrumado em comum acordo com a deputada federal Tabata Amaral (SP) e o prefeito do Recife João Campos, ambos do PSB, de modo a não desgastar a sua imagem e atuação, muito ligada ao grupo de ACM Neto e integrante da base de sustentação do prefeito Bruno Reis.
Entre a Câmara e o Planalto
A disputa por cargos em 2026 mexe diretamente nas bases de Jerônimo e Bruno Reis, mas o centro do tabuleiro é mesmo ACM Neto. Com ampla maioria entre os apoiadores e pré-candidatos da Câmara de Salvador, o ex-prefeito já articula palanques em diversas regiões da Bahia e terá a ajuda dos aliados na capital.
Do outro lado, o governador tem a seu favor nomes com atuação em movimentos sociais, partidos de esquerda e base comunitária — mas ainda enfrenta desafios para formar uma frente municipal forte.
Ambos buscam também aquecer os palanques nacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, no caso de Neto, com o impedimento de Jair Bolsonaro (PL), preferencialmente do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Apesar de o debate da eleição de 2026 já ter começado, com a predefinição do cenário dos vereadores, muitas mudanças poderão acontecer, devido aos convencimentos partidários para composição de chapas e meta de votos.