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Aliados de Neto apostam em Tarcísio, mas veem PSD em xeque com Ratinho: '55 da Bahia vai ficar com o 13?'
Aliados de Neto apostam em Tarcísio, mas veem PSD em xeque com Ratinho: '55 da Bahia vai ficar com o 13?'
Enquanto União Brasil provoca Otto, governistas comemoram chance de racha e avaliam Jerônimo e Lula como "favoritaços"; Careca de Saber da semana ainda repercute cenário do PSB como "barriga de aluguel" e outras movimentações
Por Evilásio Júnior
03/10/2025 às 06:00

Foto: Evilásio Júnior
Apesar de as últimas declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, serem desanimadoras para os defensores do projeto nacional de união da centro-direita, na tentativa de destronar o presidente Lula (PT), os aliados de ACM Neto (União) na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) ainda acreditam que o republicano poderá aceitar o desafio. Para eles, a eleição presidencial não só será refletida localmente, como decisiva para derrotar o governador e postulante à reeleição Jerônimo Rodrigues.
No entanto, embora não tenha sentenciado a recusa à disputa pelo Planalto, nos últimos dias o gestor paulista enfatizou ser candidato à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.
"Eu acho que a oposição nacional ao PT está muito bem posicionada com excelentes pré-candidatos e é um consenso de que a candidatura mais forte é a de Tarcísio de Freitas, por várias razões. Não só a parte pessoal dele, do preparo, da competência, da seriedade, da honestidade, mas também, evidentemente, da ambiência que ele tem com a família Bolsonaro, que a gente não pode se iludir. A gente precisa ter uma unidade dos campos da oposição, do PL, do União Progressistas, do PSD, do Republicanos, do PSDB, do Novo, e de quem mais se agregar nesse projeto. Eu acho que o Tarcísio está fazendo tudo certo e vai dar tudo certo", apostou o deputado estadual Luciano Simões Filho, presidente do União Brasil em Salvador, e pré-candidato à reeleição, em entrevista ao Blog do Vila.
Alan Sanches, que tentará chegar à Câmara em 2026, defende que, independentemente de Tarcísio topar hastear a bandeira ou não, o grupo precisa estar coeso. "O que eu tenho certeza é que Neto é candidato e que teremos um candidato forte, competitivo e que podemos chegar à vitória, no cenário nacional também, não só no estadual. O que a gente tem que pontuar primeiro é que nós, a direita e a centro-direita, precisamos estar unidos. Então, está cedo. Ainda falta um ano, mas as coisas começam a andar agora. Até dezembro, eu acho que a gente avança mais ainda", estimou.
A conta da oposição é muito mais matemática do que ideológica: uma junção entre União Progressista, PSD, MDB, PL, Republicanos, PSDB e Novo significa, em tese, prefeituras aliadas em 4.350 dos 5.569 municípios do Brasil, 59 dos 81 senadores, 350 dos 513 deputados federais e maioria absoluta dos recursos do fundo eleitoral e do tempo de rádio e TV.
Se Tarcísio declinar, Ratinho põe Otto e PSD em xeque
Caso Tarcísio efetivamente decline da disputa à Presidência, apesar de defenderem ele como o melhor nome para promover a união das oposições, os aliados de Neto veem certa vantagem na substituição do gestor paulista pelo governador do Paraná Ratinho Júnior (PSD).
O motivo é simples: o movimento colocaria o partido liderado na Bahia pelo senador Otto Alencar em xeque. "Aí bagunça demais, inclusive, altera também a composição das forças políticas aqui na Bahia, que no mínimo iam ter que liberar o PSD. Ratinho tendo chances reais de vitória para presidente, você acha que o PSD ou então alguns componentes do PSD não vão pensar nisso?", indagou Alan Sanches.
Já Luciano Simões Filho vai além: "Eu acho que o nome de Tarcísio agrega mais fácil, mas o nome do Ratinho Júnior é uma fantástica opção, o que vai deixar o PSD da Bahia de calça curta. Porque nós faremos o palanque de Ratinho Júnior, do 55, e o 55 da Bahia vai ficar com o 13 contra o projeto nacional do próprio partido? E já deixo um recado aqui para o senador Otto Alencar: estamos de portas abertas para dialogar sobre a possibilidade do palanque nacional, do partido dele, do Ratinho Júnior aqui, porque nós só temos um lugar na chapa, que é o de ACM Neto, e os demais a gente faz a composição que a gente achar melhor".
O sonho da oposição sempre foi abrigar o senador Angelo Coronel para concorrer à reeleição na chapa de Neto.
Deputados do PSD jogam responsabilidade para Otto
Diante da provocação do União Brasil, os deputados estaduais do PSD ficaram receosos em cravar que a sigla se manterá na aliança com Jerônimo, caso a candidatura de Ratinho seja efetivada.
Irmão de Otto, Eduardo Alencar se limitou a dizer que seguirá o líder: "Faço parte de um grupo que é liderado pelo senador Otto Alencar. Então, o destino que o senador tomar é o que nós vamos seguir".
Mesmo com o pai sendo o principal beneficiado na arrumação, Angelo Coronel Filho seguiu na mesma toada: "Vamos seguir a orientação do nosso presidente Otto Alencar. O que ele decidir aqui para a Bahia, o partido vai caminhar junto".
Só Alex da Piatã adotou o discurso de aliança com Jerônimo e Lula, em detrimento à candidatura própria nacional. "Eu não posso responder pelo PSD, porque quem fala pelo PSD é o nosso presidente estadual, o nosso líder, mas ele, em várias entrevistas, inclusive já deve ter dito a você, que o alinhamento dele aqui na Bahia se estende até o alinhamento nacional com o presidente Lula", disse.
O trio se candidatará à reeleição no próximo ano.
Luciano Simões no PSD?
Por falar no incentivo de Luciano Simões Filho para que o PSD adira ao projeto estadual de ACM Neto, sob o pretexto do clamor pela união nacional, o nome do deputado esteve envolvido em uma polêmica especulação nos corredores da Assembleia esta semana.
Integrantes das bancadas tanto de governo quanto de oposição ventilaram a informação de que o dirigente do União estaria de saída justamente para o partido do senador Otto Alencar.
Perguntado sobre a fofoca, o parlamentar se mostrou estupefato: "Esqueça, sem propósito. Eu sou do União Brasil, agora União Progressista na nossa federação. Sou presidente do União Brasil, em Salvador, com o melhor prefeito do país, que é Bruno Reis. Isso é maluquice. Conversa sem pé nem cabeça".
Governistas avaliam Jerônimo e Lula como 'favoritaços' com 'racha' na oposição
Se para os aliados de Neto o clima é de otimismo e no PSD de cautela, entre os parlamentares de legendas de esquerda a possibilidade de racha no projeto de centro-direita é vista com esperança.
Para Zé Raimundo Fontes (PT), Lula e Jerônimo viram "favoritaços" caso o derretimento da união das oposições se concretize. "Sem dúvida, sem dúvida. Esse racha lá no campo, principalmente na extrema-direita, e essa falta de uma referência mais viável, eticamente, burocraticamente, administrativamente, vai ajudar muito a fortalecer o nosso campo, o campo democrático popular".
Bobô (PCdoB), por sua vez, avalia que o cenário positivo para a reeleição de Lula está mais atrelada ao seu próprio crescimento nas pesquisas, mas admite que a indefinição dos contrários favorece à manutenção do PT no poder do país e da Bahia. "Acho que não é um problema tão simples para eles resolverem. Ali tem uma guerra de egos e isso facilita, não tenho dúvida alguma, o processo natural até da reeleição do presidente Lula", calculou.
Ambos são postulantes à recondução na Assembleia.
PSB corre risco de virar 'barriga de aluguel' de deputados do PP
Com dificuldade de montar a nominata para as disputas proporcionais do próximo ano, o PSB pode ganhar simultaneamente reforços e dor de cabeça.
Integrantes da sigla socialista temem que o partido vire uma espécie de "barriga de aluguel" para abrigar em bloco os deputados estaduais de saída do PP, Niltinho, Hassan, Antônio Henrique Júnior e Eduardo Salles, que diz manter conversas com outras cinco legendas e garante não ter definição sobre o destino.
Mesmo sem falar em vetos, os mandatários socialistas defendem que qualquer arrumação seja discutida "amplamente" entre os filiados.
"Tenho muito respeito por todos os que pretendem estar avaliando entrar no PSB, mas claro que a gente também tem que avaliar a situação individual e com o cenário do governo. A gente tem que tratar das possibilidades de crescimento do PSB na Bahia, com apoio do governo, cujo timoneiro principal é Jerônimo, e ver como o partido ficará e como ficarão as placas tectônicas de todos os outros partidos, para a gente acomodar todos os que precisam se reeleger e aqueles também que querem tentar a eleição. Então eu acho importante que isso seja feito de forma estratégica, planejada e com muito cuidado", ponderou a deputada Fabíola Mansur, que faz parte dos diretórios nacional e estadual do PSB, em entrevista ao Blog do Vila. Primeira suplente em exercício, a parlamentar tentará a renovação do mandato em 2026.
Pré-candidato a deputado federal, o vereador de Salvador Silvio Humberto clamou ainda por respeito à "história" da instituição antes de qualquer definição sobre novos integrantes.
"Nós precisamos entender se quem está chegando tem afinidade com os princípios que estruturam o nosso partido. Por isso que a gente é um partido. Não é um momento onde você simplesmente, por não estar dando certo em tal lugar, diz 'eu vou entrar aqui, passar uma chuva e depois ir embora'", advertiu.
Uma reunião foi requerida à presidente da agremiação na Bahia, a deputada federal Lídice da Mata, mas ainda não tem data para acontecer.
'Rejeitados' ainda têm esperança
Por falar em "barriga de aluguel", o exemplo mais notório da movimentação em 2022 foi o do PV, que elegeu quatro deputados estaduais no pleito passado – Ludmilla Fiscina, Marquinho Viana, Roberto Carlos e Vítor Bonfim –, nenhum deles vinculados à ideologia verde.
Nos bastidores, as informações são de que o partido não permitirá novamente a estratégia governista e os quatro parlamentares terão que buscar outra morada para tentar a reeleição.
"Estou na federação [Brasil da Esperança] e vou continuar nela, filiado no mesmo partido. A não ser que o PV saia da federação, aí eu tenho que ver que lado eu vou me arrumar", disse Marquinho à coluna.
Outro rejeitado, mas no PT, Júnior Muniz aposta em sua permanência: "Eu sou PT e estou no PT. Estou na federação e não pretendo sair".
Enquanto a prioridade do PV para a Alba é a eleição do atual vereador de Salvador André Fraga, os petistas defendem promover candidaturas "raiz".