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Tarifaço: Girão critica 'revanchismo' de Lula e cobra impeachment no STF: 'Moraes é o atacante, o juiz e o homem do VAR'
Tarifaço: Girão critica 'revanchismo' de Lula e cobra impeachment no STF: 'Moraes é o atacante, o juiz e o homem do VAR'
Coluna Careca de Saber desta semana traz ainda a avaliação de Paulo Azi sobre a medida de Trump, a postura de "papagaio do Planalto" de Jerônimo e Rui Costa e o posicionamento de Tarcísio, bem como a possibilidade de recomposição do PSD com o Palácio de Ondina; Otto pede "volta ViaBahia"
Por Evilásio Júnior
18/07/2025 às 06:00
Atualizado em 21/07/2025 às 11:34

Foto: Andressa Anholete / Agência Senado
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou que a taxação de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros é resultado de uma “crise de credibilidade” do Brasil no cenário internacional, agravada pelo que classificou como "revanchismo ideológico" do governo Lula. Em entrevista à CBN Salvador, o congressista afirmou que o povo brasileiro é quem pagará a conta do confronto diplomático.
“O presidente americano foi eleito para defender os interesses dele. O problema é que aqui a gente não está fazendo o dever de casa. Vivemos sob censura, com perseguição política e um governo que flerta com ditaduras como Maduro e Hamas”, afirmou.
Girão criticou também a regulamentação da chamada Lei da Reciprocidade, assinada por Lula, que autoriza o Brasil a reagir com medidas comerciais contra os EUA. “O governo está agindo com o fígado. Isso é uma tragédia anunciada”, disse. Ele classificou a reação como “tática de vingança”, e apontou o Ceará, seu estado, entre os mais prejudicados economicamente.
O senador também responsabilizou o Senado pela falta de reação institucional. Segundo ele, a decisão do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), de manter sessões remotas na última antes do recesso foi uma forma de esvaziar o debate sobre a crise diplomática e evitar desgastes políticos.
Azi cobra 'diplomacia' em vez de 'confronto'
O presidente estadual do União Brasil e deputado federal Paulo Azi foi mais um a fazer duras críticas ao governo federal e ao governador baiano Jerônimo Rodrigues (PT), durante entrevista à CBN Salvador.
Ao comentar a taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, ele condenou o "confronto" adotado pela gestão Lula e alertou para os impactos práticos no interior da Bahia.
"É hora de tirar a política e colocar a diplomacia", disse o parlamentar, ao destacar que produtores de laranja em Rio Real e Esplanada já tiveram encomendas suspensas por conta da insegurança nos mercados internacionais.
Segundo Azi, todos os outros países afetados pelas medidas de Donald Trump recorreram ao diálogo, enquanto o governo brasileiro adotou uma linha de enfrentamento para, segundo ele, tentar obter ganhos eleitorais a curto prazo. “A médio e longo prazo, quando os empregos forem perdidos e as empresas quebrarem, a conta vai cair no colo do presidente Lula”, alertou.
Deputado detona Rui e Jerônimo: 'papagaios do Planalto'
O deputado ainda ironizou a postura do governador Jerônimo e do ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao dizer que ambos atuam como "papagaios do Planalto". Para ele, falta independência e sobra militância no discurso de lideranças petistas.
"O governo do PT é uma nota só. O que um diz, todos repetem. O governador Jerônimo é um exemplo acabado disso", afirmou.
Nos cálculos da Federação das Indústrias do Estado (Fieb), a Bahia terá perdas de R$ 2,6 bilhões no primeiro ano do tarifaço e, apenas no setor, é estimada a perda de 10 mil postos de trabalho.
Críticas ao STF e defesa de impeachment
Em tom duro, Girão afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem atuado com parcialidade e defendeu o impeachment de ministros da Corte.
“O Alexandre de Moraes é o atacante, o juiz e o homem do VAR. Isso é inconstitucional. O Senado precisa reagir para que haja equilíbrio entre os poderes”, afirmou.
O senador criticou ainda a recomendação da Procuradoria-Geral da República pela condenação de Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe.
"Quem viu aquele julgamento saiu com ânsia de vômito. Uma narrativa frágil, sem devido processo legal. Se houve anistia para quem pegou em armas, por que não para quem protestava com Bíblia e bandeira?", comparou, sem citar nominalmente a ex-presidente petista Dilma Rousseff, que integrou o grupo armado Comando de Libertação Nacional (Colina), durante a ditadura militar.
Rui Costa, Tarcísio e 2026
Questionado sobre a pretensão do ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia, Rui Costa, de disputar o Senado em 2026, Girão foi direto: "Nada contra a pessoa dele, mas precisamos esclarecer o escândalo do Consórcio Nordeste. Houve mortes por falta de respiradores que nunca chegaram. E esse caso passa pela Bahia".
Em relação ao cenário presidencial, disse ver com bons olhos nomes como Romeu Zema (Novo-MG), e demonstrou cautela quanto à postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
"Tarcísio é um bom nome, mas precisa se posicionar com mais coragem contra os abusos do STF. Já Zema herdou terra arrasada do PT e gerou um milhão de empregos. Tem mais firmeza", comparou.
Tarcísio 'equilibrado'
Azi, no entanto, elogiou a postura do governador de São Paulo, ao classificar como "equilibrada" sua tentativa de preservar os empregos em seu estado, mesmo com as críticas de setores bolsonaristas.
“Agora não é hora de debate político e ideológico. É hora de proteger empresas e empregos”, resumiu.
O gestor do Palácio dos Bandeirantes é o nome visto internamente por setores do União como principal fator para alavancar a candidatura de ACM Neto na Bahia contra as candidaturas à reeleição de Lula e Jerônimo.
Geopolítica e patriotismo: a leitura de William Gírio
A disputa de narrativas — inclusive dentro da oposição — chamou a atenção do cientista político William Gírio, também ouvido pela CBN Salvador. Para ele, o tarifaço está menos relacionado a correções econômicas e mais ligado à geopolítica.
"A relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é superavitária para os americanos. Essa medida é mais um gesto geopolítico do que econômico — e já pode ter saído pela culatra.”
Segundo Gírio, a "resposta firme" do governo Lula desorganizou o "jogo simbólico" da oposição:
"Houve uma desapropriação do monopólio do patriotismo. Parte da população entendeu como subserviente a defesa dos interesses norte-americanos feita por bolsonaristas", disse, ao apontar um novo risco no horizonte: "A Otan já sinalizou risco de sanções derivadas da relação comercial do Brasil com a Rússia. Isso pode afetar petróleo, fertilizantes, produtos químicos — ou seja, nossa principal pauta de exportação".
Tarcísio, Bolsonaro e o jogo de 2026
Gírio também analisou a movimentação de Tarcísio de Freitas no xadrez eleitoral da direita: "Ele tenta o que Bolsonaro fez em 2018: unificar as direitas como o nome possível, não o ideal. Mas ao buscar o aval bolsonarista, ele se descola da elite econômica".
E conclui: "Na geopolítica, não há amizade. Há interesses. Ver setores da direita usando os EUA como bússola pode gerar ruído e custo eleitoral. Ainda é cedo, mas o cenário de 2026 começa a se desenhar".
O fato é que, para o cientista político, a rejeição ao tarifaço pela maioria dos eleitores de direita, conforme a última pesquisa Genial/Quaest, mostra que o tiro de Jair e Eduardo Bolsonaro de mirar Trump para atingir a anistia pode sair pela culatra.
Caciques do PSD voltam a frequentar eventos de Jerônimo
No último fim de semana, após a polêmica entrevista do senador Jaques Wagner (PT), com participação do ministro-chefe da Casa Civil Rui Costa, e a ausência na comitiva oficial nos festejos do 2 de Julho, os caciques do PSD voltaram a frequentar um evento do governador Jerônimo Rorigues no interior.
Um parlamentar da sigla, contatado pelo Blog do Vila, negou que a relação com o chefe do Executivo baiano chegou a estar abalada. "A relação com Jerônimo é a melhor possível. Nunca teve nada. Sobre a fala de Wagner e Rui, antecipando dois senadores do PT, já fizeram a avaliação no governo e viram que isso não é bom para o governador, porque a eleição dele é mais fácil conosco. Todo mundo quer a reeleição", disse o social-democrata.
No entanto, de acordo com ele, apesar da inclinação de manter a aliança, a possibilidade de rompimento não está 100% descartada. "Como dirigente do partido, o que Otto não quer é que um aliado seja defenestrado pelo rádio. Mas ainda continuamos no aguardo da decisão do governador sobre nossa vaga no Senado. Ele já sabe que isso é motivo para rompimento. Para nós não importa o que Rui e Wagner estão falando, importa apenas a decisão do governador", avisou.
O que está de molho, segundo ele, é a conversa com ACM Neto, sobre a promessa de reservar as duas vagas do Senado à legenda, com garantia de apoio à reeleição do senador Angelo Coronel. "A gente ainda não conversou com ninguém. Antes, vamos aguardar a decisão do governador. Mas ACM Neto está rezando para a gente romper", avaliou.
Volta Via Bahia?
Perguntado a respeito da discussão sobre a montagem da chapa, o senador Otto Alencar preferiu não comentar o assunto, o qual acha ser "antecipado", mas surpreendeu ao desabafar sobre a situação da BR-324.
Ele estava em deslocamento para Feira de Santana e reclamou da administração do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
"É uma vergonha. Não tem engenheiros, só quatro ou cinco pessoas tomando conta e cheio de conezinhos na estrada. Tudo abandonado. Se leva mais de quatro horas para chegar a Feira. Foi uma irresponsabilidade tirar a concessionária da forma que fizeram. Agora vai demorar muito para conseguir outra, porque inviabilizaram, e ainda tiveram que pagar multa. Volta ViaBahia", protestou, ao citar a indenização paga à concessionária no valor de R$ 681 milhões.
Entre os principais atores para a mudança da gestão da pista está o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, exatamente quem pretende disputar com o PSD a indicação para a candidatura ao Senado na chapa de Jerônimo.